segunda-feira, agosto 31, 2009

A DEUSA ANUKET


ANUKET A DEUSA ANDROGINA
ANUKET, DEUSA DAS CATARATAS DO NILO



"Anuket é uma Deusa muito antiga, que acredita-se ter sido importada da Núbia, considerada como sendo a personificação da fonte do rio Nilo, que nascia do seu ventre.

O Egito é "a dádiva do rio Nilo", sem ele, a terra teria sido infecunda. Foi o rio, que fez desde o início do Egito uma nação agrícola.Os egípcios não tinham necessidade de olhar ansiosamente para o céu à procura de chuva, pois todos anos no verão, o Nilo proporcionava a irrigação necessária. A cheia anual, que renovava a vida, nunca deixava de chegar quando o calor se aproximava, irrigando a terra dos faraós e fazendo do Egito uma das mais prósperas nações do mundo antigo e alimentando uma civilização que atravessou milênios de história.

O rio Nilo nasce no coração da África, no lago Vitória, e deságua no Mediterrâneo formando um grande delta. Em seu trajeto, corta todo o território egípcio no sentido sul-norte. Foi ao longo de seu percurso que floresceram as culturas agrícola-urbanas. Os egípcios reverenciavam o grande rio como uma divindade protetora e fertilizadora e, embora suas cheias destruíssem moradias e afogassem homens e animais, eram tidas como uma grande benção.

Anuket era conhecida também, pelos nomes: Anukis, Anqet, Anket, "Senhora da Núbia", "Senhora de Sehel" e "Senhora da Núbia". A Núbia tornou-se uma província do Egito no Novo Império. A Baixa Núbia situava-se entre Assuã e a segunda catarata. A Alta Núbia, estendia-se da segunda catarata às proximidades da quinta.

Como Deusa da água era Anuket (Aquela que Aperta), portanto, com seu abraço que durante a inundação fertilizava os campos. Assim como outras Deusas hermafroditas, acreditava-se que Anuket havia-se originado por si própria, por isso era representada, algumas vezes, com quatro braços, que representavam a união dos princípios masculinos e femininos.

Anuket era uma Deusa nutridora não só da terra, mas também do faraó. Foi retratada amamentando o jovem Ramsés II, transmitindo-lhe poder, saúde e muita alegria. Os egípcios antigos, a julgar pelas pinturas dos túmulos, era um povo muito alegre e o gosto pela vida não era limitado somente aos ricos. Até os humildes, foram mostrados pelos artistas, aparentando despreocupação e muito bom humor.

A Deusa Anuket, segundo alguns registros, foi a segunda esposa do Deus Khnemu (Deus lunar), possuindo morada especial na ilha de Seheil. Deu forma a uma tríade com Khenmu e Satis ( filha-mãe) e em épocas muito antigas foi identificada com Neftis. A tríade egípcia sempre era formada por um elemento feminino, um elemento masculino e um elemento formado pela união de ambos. Visualizamos na tríade a grande importância da família para o antigo egípcio.

Na ilha de Elefantina, Anuket forma outra tríade com Jnun (Deus cabeça-carneiro), um Deus local de Hípselis e Esna, cuja lenda conta que foi quem modelou o homem em sua olaria às margens do rio. Acompanhando-se encontramos a Deusa Satis(levava a coroa do Alto Egito), uma divindade da primeira catarata do Nilo que é representada adornada com chifre de antílope. Neste caso, Anuket cumpre a função de filha do casal formado por Jnun e Satis.

Só para esclarecer, a primeira catarata do Nilo é um dos seis afloramentos de granito que obstruíam o Nilo na Antiguidade e era também a tradicional fronteira meridional do Egito. O Egito estendia-se desde a quinta catarata do Nilo até o rio Eufrates, na Ásia Ocidental.

Anuket era ainda, uma Deusa da caça, cujo animal sagrado era a gazela e estava também associada a água. A ligação das Deusas da água com a gazela era provavelmente porque os egípcios sempre viam estes animais em torno da água.

Provavelmente, pelo status de Deusa da Fertilidade, Anuket, transformou-se em Deusa da Luxúria e foi relacionada com a natureza sexual. Seu símbolo, com estes atributos era vulva, usado em vários países como amuleto para a fertilidade, renascimento, cura, poder mágico ou boa sorte. Sempre Anuket que era chamada para dar as boas-vindas aos recém-nascidos ou filhotes de animais. Ela era chamada de Doadora de Vida, tanto de humanos como dos animais. Suas bênçãos se tornam eficazes nas primeiras formas da Lua Crescente.

Adorada no Reino Novo em Elefantina, onde se encontrava o seu santuário mais importante. Em Filai havia outro templo, onde era identificada com Ísis. Era representada como uma mulher vestindo uma grande coroa com plumas de avestruz, que conduzia um ceptro de papiro. Como é de origem africana, suas vestes são muito ornamentadas. Sua imagem pode ser vista no templo de Ramsés II em Abu Simbel. Em 1963 e 1968, o templo foi transferido para longe do lago Nasser, criado pela barragem de Assuã.

Segundo algumas fontes compulsadas, Anuket, também conhecida por Anka, deu origem à palavra ankh, "A Chave da Vida", antigo símbolo feminino da Grande Deusa e da imortalidade dos Deuses. Mais tarde, a ankh ficou conhecida como "A Chave do Nilo", reproduzindo a união mística de Ísis e Osíris, que provocava a inundação anual do rio.

Anuket é uma Deusa Mãe Protectora que deu vida ao faraó, à terra e ao próprio Egito. "
(...)
ROSANE VOLPATTO
(enviado por Gaia Lil)

quinta-feira, agosto 06, 2009

SAUDADES DA TERRA VERMELHA...



ESFINGE

Nasci antes de Cristo, muitas vidas antes de Buda ou Maomé,
Vivi em Atlântida e Mu, muito antes da Queda.

Conheci os egípcios, vivi nos seus Templos antigos,
fui iniciada nos Grandes Mistérios, antes mesmo das Pirâmides de Gizé.

Viajava no Nilo entre as duas terras, era fiel a Hapi e a Ptah.
Lia nas estrelas a glória de Nout e cantava nas festas a Hathor!

Ah! Era dourada a sua imagem e como os teus
os seus olhos brilhavam doces na alvorada...

Outras vezes íamos ver Shekmit, evocar a deusa Bastit,
a quem me ensinavas a amar nas noites de luar.

E como a gata do templo, tu dançavas e esvoaçavam as tuas vestes,
deixando antever o teu corpo nu de estátua...

E eu extasiada pela tua excelsa visão, não sabia se eras tu
ou a própria deusa encarnada quem para mim dançava!

Nesse tempo era feliz...
Amava a vida e a Terra ainda era sagrada!



Ta Mery

Lembras-te, foi em Tentyris,
quando a deusa com máscara de gata dançou
e lançou um feitiço quando te viu?
Levou-te com ela ... Desde aí fiquei só.

Lembro-me da terra vermelha, da minha sede
e da tua miragem...
Lembro-me da noite vir, do teu doce e terno sorrir,
da sede da tua boca, do teu corpo a escaldar...
Não, não tive medo, antes ri, quando uma pequena serpente
me entrou no coração
e gentilmente o seu veneno me adormeceu.

Agora me lembro, queria ir contigo a Denderah
ver Bastit no seu altar.

Queria lembrar-me quem era,
se tua mãe, tua amante ou tua irmã...

Anda comigo a Ta Mery, ver Hathor, ouvir cantar...

Adoro a mulher dourada
louvo a sua majestade




NOUT

Vi o teu rosto na lua...
Aparecia e sorria entre as nuvens e desaparecia!
Ias e vinhas como uma fada
e com as mãos brincavas com as estrelas,
dançando entre os raios de luz.

Inebriavas-me com promessas que eu decifrava nas esferas.
Rodopiavas no céu e os teus raios estilhaçavam todo o meu ser.

Eu caia em abismos, memórias e perfumes
e quando me erguia já não te via...
A minha alma escurecia e pedia que aparecesses outra vez;
e mais uma vez tu vinhas e dançavas para mim:
o meu sangue liquefazia-se e eu não sei por que magia
voava e dançava contigo no espaço!
Era estrela e cometa e a própria lua. ..
e já não sabia se o que via era o meu rosto
ou o teu por cima de mim.



A TUA IMAGEM

Tenho a tua imagem gravada no mais fundo do meu coração:
olhos internos, fibras e nervos te vêm.

Corre no meu sangue como um rio
e eu deixo-me levar na corrente do teu ser.

Bebo da tua seiva e ergo-me
como a coluna do templo em que és rainha e minha
no mais sagrado altar em que te posso abrigar.

Guardam-me a alma os teus olhos
que me seguem a cada silêncio e a cada gesto.

Queria abraçar-te o ventre e adormecer suavemente a teus pés

Como o pedinte à porta de uma igreja ou o nómada no deserto,
a minha sede de ti é eterna, ó mãe do céu e da terra em que nasci!

IN ANTES DO VERBO ERA O ÚTERO
ROSA LEONOR PEDRO