sexta-feira, dezembro 17, 2010

O OLHAR DE AMOR


O OLHAR DE VIDA, A SEDE DA ALMA


“NA poesia dos sumérios, a expressão “olhar de vida” é usada às vezes para sugerir alguém que, cheio de amor, fita outra pessoa e transmite vitalidade com o olhar.

O empenho em descrever a força dos olhos lembra imagens primitivas da Deusa Olho, e a Deusa sob a forma de Olho (Udjad) no Egipto, bem como a importância vital dos olhos da mãe para o bebé de colo. A primeira coisa que as crianças colocam no rosto, quando começam a desenhar a figura humana são os olhos. Na escultura suméria e babilónica, os olhos dos deuses e dos fiéis são aumentados e transformados praticamente em discos hipnóticos que nos fixam, para transmitir a sua potência hierática de sede da alma.”
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terça-feira, dezembro 07, 2010

Os gatos no Egipto



O gato é um viajante do tempo do antigo Egito.
Retorna sempre que a feitiçaria ou o estilo estão na moda.


Uma das mais incompreendidas características da vida egípcia é a veneração dos gatos, cujos corpos mumificados têm sido encontrados aos milhares. Minha teoria é que o gato foi o modelo da singular síntese de princípios do Egito. O gato moderno, o último animal domesticado pelo homem, descende do Felis lybica, um gato selvagem do Norte da África. Os gatos são errantes e misteriosas criaturas da noite. Crueldade e brincadeira são a mesma coisa para eles. Vivem do e para o medo, treinando assustar-se e assustar os humanos com súbitas correrias e emboscadas. Os gatos habitam o oculto, isto é, o “escondido”. Na Idade Média, eram caçados e mortos por suas ligações com as bruxas. Injusto? Mas o gato realmente está ligado à natureza ctônica*, mortal inimiga do cristianismo.


O gato preto do Dia das Bruxas é a sombra que ficou da noite arcaica. Dormindo até vinte de cada 24 horas, os gatos reconstroem e habitam o primitivo mundo noturno. O gato é telepata – ou pelo menos acha que é. Muitas pessoas se amedrontam com seu olhar frio. Comparados com os cães, servilmente ávidos por agradar, os gatos são autocratas de evidente interesse próprio. São ao mesmo tempo amorais e imorais, violando regras conscientemente. Seu “mau” olhar nessas horas não é nenhuma projeção humana: o gato talvez seja o único animal que saboreia o perverso ou reflete a respeito. Assim, o gato é um adepto dos mistérios ctônicos. Mas tem uma dualidade hierática. Tem olhar intensivo. O gato fundo o olho de Górgona do apetite com o distanciado olho apolíneo da contemplação. Valoriza a invisibilidade, imaginando-se comicamente indetectável quando atravessa um gramado com passo malandro. Mas também adora ver e e ser visto; é um espectador do drama da vida, divertido, condescendente. É um narcisista, sempre ajeitando a própria aparência. Quando está assanhado, seu ânimo cai. Os gatos têm um senso de composição pictórica: colocam-se simetricamente em cadeiras, tapetes, até mesmo numa folha de papel no chão. Aderem a uma métrica apolínea de espaço matemático. Altivos, solitários, precisos, são árbitros da elegância – esse princípio que considero nativamente egípcio.
(...)
Assim, a veneração dos egípcios pelos gatos não era nem tola nem infantil. Por meio do gato, o Egito definiu e refinou sua complexa estética. O gato era o símbolo daquela fusão de ctônio e apolíneo que nenhuma outra cultura conseguiu. A linha pagã de olho intenso do Ocidente começa no Egito, como acontece com a dura persona da arte e da política. Os gatos são exemplares de ambos. O crocodilo, também cultuado no Egito, assemelha-se ao gato em sua passagem diária entre dois reinos: movendo-se entre água e terra, o rugoso crocodilo é o ego blindado do ocidente, sinistro, hostil e sempre em guarda. O gato é um viajante do tempo do antigo Egito. Retorna sempre que a feitiçaria ou o estilo estão na moda. No esteticismo decadente de Poe e Baudelaire, ele readquire seu prestígio e magnitude de esfinge. Com seu gosto pelo ritual e o espetáculo sangrento, conspiração e exibicionismo, é pura pompa pagã. Unindo primitivismo noturno a elegância de linha apolínea, tornou-se o paradigma vivo da sensibilidade egípcia. O gato, fixando sua rápida energia predatória em poses de stasis apolínea, foi o primeiro a encenar o imobilizado momento de quietude conceitual que é a grande arte.
(...)
Camila Paglia

* ctónico: relativo a ctonos a deusa terra. Segundo a autora, o culto de dioniso, relativamente recente na grécia antiga, vem ocupar o lugar que antes era dedicado a essa deusa.
Camilla Paglia adota a expressão para designar o que nietzsche chama de dionisíaco.
in Personas Sexuais de Camille Paglia.
Companhia das letras, 1994

sexta-feira, novembro 05, 2010

O NOSSO DUPLO


"Tuas intenções são excelentes, mas a tua alma não se decidirá jamais a divulgar a verdade, por causa da diversidade das opiniões e das misérias do orgulho”

(Krates)
******
Quando escrevo é quase sempre para mim mesma, para me reflectir no papel e poder ver-me ou sentir-me mais profundamente. Sempre escrevi como forma de interiorização, mas inconscientemente, pensei sempre, que havia alguma luz que me vinha de onde não sabia, mas, ao mesmo tempo, como se alguém também estivesse por detrás do meu ombro a soprar-me e a escutar-me simultaneamente. Lembro-me de escrever ainda adolescente os meus diários, com a viva sensação de haver alguém para quem eu escrevia e que eu desconhecia ainda e esperava a revelação. Não sei se era a falta de um interlocutor se a intuição de haver um “duplo”.


As pessoas normalmente falam para Deus ou para uma parte luminosa do seu ser. Qualquer criatura por mais embutida que seja tem disso uma clara ou vaga percepção. A oração é isso. A evocação do sagrado em nós recorrendo a uma imagem ou arquétipo que é activado pelo transporte – necessidade individual de atingir essa Parte de nós supostamente inatingível. As experiências místicas situam-se mais ou menos nesses estados que nos transcendem e são respostas ao nosso fervor e sinceridade. Daí que todas as fés e credos accionem as mesmas e idênticas experiências místicas. Tudo depende da projecção que se faz ou a ideia que se tem de um deus ou algo que nos transcenda. Ao longo dos anos eu mudei de perspectiva de “Deus”. E fiquei entre pagã e agnóstica o que não é inconciliável... Mas presentemente a noção ou experiência que mais me faz sentido é sem dúvida a ideia do DUPLO, designado por kA, segundo os egípcios. O meu duplo será, pois, o meu verdadeiro ser interior e que eu desde criança pressenti que me acompanhava e que se calhar é o que o vulgo chama de anjo da guarda...


Isto não é tão simples assim, mas o kA é o nosso ser eterno e que nos assiste e a quem devemos a continuidade do nosso ser. É alias muito difícil reter esta ideia para quem se identifica exclusivamente com o seu corpo mental ou físico e sem nenhuma ideia do Espírito que não seja em abstracto, algo fora do corpo e além, no Céu, como Deus, por exemplo, mas o espírito está tanto em nós, alma, como no nosso corpo, só que o nosso intelecto não o abrange! O Espírito tem a consciência toda e nós temos como finalidade evoluir até essa totalidade e à medida que evoluímos e tomamos consciência do nosso Espírito através da nossa alma, nós somos mais Deus. Para isso é preciso unir os dois lados de nós: feminino e masculino. Unir todos os opostos. Antes disso, porém, tem a Mulher de ser inteira e dela fazer nascer um novo homem.

« O MON COEUR DE MA MERE TU EST LE KA DE MES TRANSFORMATIONS »

“(...)

O “eu” é o portador do nome que assiste, impotente, ao julgamento do seu coração. O Nome é o verbo aparente da personalidade humana terrestre; ele devia ser a expressão do seu Ka e da sua natureza, se ele estivesse correctamente atribuído. Ele é sempre a fórmula mágica que conserva a sua imagem na memória dos seres.
Ele é a veste do eu egoísta; é por isso, que quando este eu egoísta se apaga diante do homem consciente do seu fim altruísta, nós modificamos o seu nome para o pôr em harmonia com o seu Ser e a sua função verdadeira.
- Porquê que é que a alma - pássaro (BA) fica à parte na cena do julgamento?
- A alma divina é neutra, impassível e indiferente a esta história pessoal.
Se o homem não cultivou a afinidade do seu KA por esta alma, se ele não estabeleceu, por um apelo constante ao seu ser espiritual, a relação que é a sua consciência recíproca, a alma volta para a sua pátria, e o seu ser unificado não se poderá realizar."


In HER-BAK “Discípulo”, de Schwaller de Lubicz

A alma tem de se ligar ao Espírito, não só através da oração (o Nome verdadeiro), como dessa consciência recíproca.

*****

E, eternos viajantes sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viagem e estrada.

FERNANDO PESSOA

quinta-feira, novembro 04, 2010

Às dançarinas do antigo Egipto... e às que o acordam agora...




Às parelhas das carruagens do Faraó
eu te comparo, minha amada.
Graciosas são tuas faces entre os brincos,
e teu pescoço entre colares.
Faremos para ti brincos de ouro
com filigranas de prata.
(…)
Como és formosa, minha amada!
como és formosa,
com teus olhos de pomba,
na transparência do véu!

* In Cântico dos Cânticos…

quarta-feira, novembro 03, 2010









"Ó, alma cega! Arma-te com o facho dos Mistérios e tu descobrirás na noite terrena o teu Duplo luminoso, a tua alma celeste. Segue esse guia divino e que ele seja teu Gênio:
—Porque ele contém a chave das tuas existências passadas e futuras."


Apelo aos iniciados do Livro dos Mortos.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Os mistérios sagrados do Egipto




Eis que meus dois olhos possuem toda sua força de outrora e com minhas duas orelhas eu ouço as harmonias da Ordem divina.
Como Rá, eu navego no Oceano celeste.
Na verdade, eu não repetirei jamais o que eu ouvi; eu não contarei a ninguém o que eu vi nos lugares dos Mistérios...
Eis que me saúdam com gritos de alegria e eu percorro triunfante o Oceano celeste...!


Livro Sagrado dos Mortos Egípcio

Cântico de louvor a Hathor

Tenho muita dificuldade em encontrar textos sobre o Egipto antigo e o seu espírito unificador que tanto amo...por essa razão tão poucas vezes aqui venho. No entanto está página é para mim preciosa. Por isso lembrei-me de vos pedir, se encontrarem algum texto solto, história ou poema que evoque esse Espírito vivo do Egipto, que me enviem...ficaria muito grata e seriamos todas/os a beneficiados...
rlp



Cântico de louvor a Hathor


Glória a ti, Hathor de belas formas, ouro dos deuses que floresce nas acácias!

Senhora do Céu, flor de mandrágora, feita de gaze e sândalo!
Deusa do Amor, mulher jovem, amável dona dos cetros, do colar mágico e do sistrum!

A de ancas de linho fino que guardam o sêmen de Rá: a Alma Universal!

Ó grande Senhora do Reino do Ponto: pátria dos perfumes!
Dama dos sicômoros, guardiã do vento norte!

Deusa da Música e da Dança que se alimenta de cânticos!
Senhora do Ocidente, a de seios copiosos,
e olhos como turquesas encastoados em prata!

Ó Hathor, bem amada de Hórus, o Falcão!
Deusa Universal dos Cornos de Ouro que sustentam o Disco Solar!

Tu, que atendeste nossas preces,
celebra conosco este belo dia
na praia oriental do céu!
*
Extraído do livro de Chiang Sing
'Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito'

quarta-feira, outubro 20, 2010

UMA VERSÃO NO FEMNINO...


ALMA-IRMÃ

(…)

"Um longo, longo silêncio e, então, como se o sonho ainda continuasse, aparece diante dela a imagem radiosa de uma elegante e sublime mulher, de vestes diáfanas em toda a sua glória, e o esplendor da sua alma brilha através de um corpo fulgurante de luz como que iluminando as suas vestes de sedas fulgentes, transparentes e maravilhosas.

-“Quem és tu que vens a mim neste momentos de desolação?”

- “Oh, Filha da Luz, eu sou a tua irmã-espírito…
Porque tiveste coragem no momento em que o cordão foi seccionado, e porque te mantiveste fiel à verdade no instante da morte, tenho permissão para estar contigo e entregar-te este botão de flor.

Quando este botão florir, virão libertar-te.”

Ela coloca a mão sobre o ombro da discípula; a força e a glória da Luz que está nela fluem para o seu corpo. E ela conhece então o êxtase e a pureza da verdadeira Visão Espiritual, aquela que, para a poder alcançar a fez permanecer naquela solidão tanto tempo. Jamais ela sentira aquele êxtase na pulsação das suas veias, enchendo assim o seu coração…

- “Não me abandones, fica comigo!”

-“Não poderei ficar, mas dei-te o botão em flor e quando ele florir elas virão”.

E a discípula vê-se só de novo.
(…)
Um prolongado silêncio e, a porta do sarcófago é aberta…
(…)
Ela vê então em sua mão direita o botão a abrir-se e sente o perfume de uma rosa branca e perfeita, a única recompensa que teve, além da lembrança da gloriosa beleza do sonho que sonhou."

In INICIAÇÃO JUNTO AO NILO
Mona Rulfe


- Peço perdão ao autor e a Matriarca pela leve mudança no texto mas tendes que admitir que assim ficou imensamente mais belo...

Gaia Lil

segunda-feira, agosto 23, 2010

Irmã-Espírito


ALMA-IRMÃ
(…)

"Um longo, longo silêncio e, então, como se o sonho ainda continuasse, aparece diante dele a imagem radiosa de uma elegante e sublime mulher, de vestes diáfanas em toda a sua glória, e o esplendor da sua alma brilha através de um corpo fulgurante de luz como que iluminando as suas vestes de sedas fulgentes, transparentes e maravilhosas.

-“Quem és tu que vens a mim neste momentos de desolação?”

- “Oh, filho da Luz, eu sou a tua irmã-espírito…
Porque tiveste coragem no momento em que o cordão foi seccionado, e porque te mantiveste fiel à verdade no instante da morte, tenho permissão para estar contigo e entregar-te este botão de flor.

Quando este botão florir, virão libertar-te.”

Ela coloca a mão sobre o ombro do discípulo; a força e a glória da Luz que está nela fluem para o seu corpo. E ele conhece então o êxtase e a pureza da verdadeira Visão Espiritual, aquela que, para a poder alcançar o fez permanecer naquela solidão tanto tempo. Jamais ele sentira aquele êxtase na pulsação das suas veias, enchendo assim o seu coração…

- “Não me abandones, fica comigo!”

-“Não poderei ficar, mas dei-te o botão em flor e quando ele florir eles virão”.

E o discípulo vê-se só de novo.
(…)
Um prolongado silêncio e, a porta do sarcófago é aberta…
(…)
Ele vê então em sua mão direita o botão a abrir-se e sente o perfume de uma rosa branca e perfeita, a única recompensa que teve, além da lembrança da gloriosa beleza do sonho que sonhou."

In INICIAÇÃO JUNTO AO NILO
Mona Rulfe

quinta-feira, agosto 19, 2010

A deusa egípcia Sekhmet


"As deusas da cólera transformadora são muito diferentes das deusas da sabedoria (...).
Manifestam-se quando é tempo de actuar para mudar uma situação inaceitável, quando "Bem basta o que já basta!". Trata-se de deusas que eram chamadas quando os deuses ou os homens não conseguiam derrotar o Mal e só uma deusa poderosa estava à altura dessa tarefa.


As deusas da cólera transformadora mais importantes não são representadas sob um aspecto humano. A deusa egípcia Sekhmet tem cabeça de leoa e corpo de mulher. Kali-Ma, a deusa hindu, possui uma face humana assustadora e um corpo de mulher com muitos braços.Incluo-as nos arquétipos de velha porque surgem nessa fase da vidas das mulheres. Gloria Steinem tem dito frequentes vezes que as mulheres se tornam mais radicais à medida que envelhecem. Os homens costumam ser radicais em novos e defensores do conservadorismo mais tarde. Na sua vida pessoal e ideias políticas, as mulheres de idade parecem radicais quando são influenciadas pelo que sabem e sentem. Podem pôr termo a casamentos disfuncionais de longa data. Podem dispensar especialistas autoritários e assumir pessoalmente as rédeas no domínio médico e financeiro. Na esfera política, podem observar o modo como os homens gerem as situações e sentir indignação perante a tolerância para com o Mal ou a indiferença ao sofrimento. Sekhmet/Kali surge nelas e alimenta a sua determinação na mudança.


Jean Shinoda Bolen, As Deusas e a Mulher Madura
(edição brasileira da editora Triom)/

quarta-feira, agosto 18, 2010

A deusa egípcia Seshat



A deusa egípcia Seshat representada com uma folha de marijüana sobre a cabeça. Seshat foi uma divindade protetora das bibliotecas, do conhecimento e da geomancia entre outras coisas.
(...)
Os cultos à fertilidade, repletos de práticas sexuais, evoluíram ao longo das Eras e desenvolveram-se entre os estudiosos Gnósticos e os praticantes de Tantra. Tornou-se um "casamento sagrado" que acontece no plano mental dos praticantes. O ritual não se dedica mais à fecundidade da terra ou dos homens; antes, pretende proporcionar o encontro do indivíduo consigo mesmo e sua identificação com o Universo.

Ritos que usam o sexo e a cannabis buscam o despertar da kundalini e sua ascensão, ou seja, a ativação da energia sexual de modo tal que ela possa percorrer a coluna, alcançar a glândula pineal e atuar no cérebro como força criadora e re-generadora; e não mais e somente como força de geração física.

A glândula pineal é considerada a sede da alma, do espírito. É um órgão misterioso de funções praticamente desconhecidas mas para os praticantes do esoterismo, o uso da cannabis combinados com outras práticas, como relaxamento e meditação, produz uma ativação incomum da energia sexual. Nas palavras do místico Aleister Crowley, extremamente experiente quando o assunto é droga e sexo: "Quando você entende que Deus é meramente um nome para o instinto sexual não me parece tão difícil admitir que Deus está no sexo".

(FONTE Marijüana: the ultimate sex drug
CANNABIS CULTURE publicado em novembro 1999
por Chris Bennett tradução & adaptação: Ligia Cabús )




BASTIT A DEUSA GATA
DIR.: Bast, a Artemis grega, deusa da sabedoria. Entre os egípcios, zoomorfa meio-gato, meio-mulher, acreditava-se que dominava variados aspectos da vida civilizada: do Sol Nacente, como filha de Rá; e também deusa da iluminação [intelectual], do lar, do sexo, da fertilidade e do parto, dos prazeres físicos e, curiosamente, deusa das lésbicas que, no país do faraó, eram associadas à verdade, honestidade.

In CANNABIS PR-NTR-KTM
"O quanto é intenso o seu amor, minha irmã, minha noiva!
Mais delicioso que o vinho é o teu amor e a fragrância de seu óleo [ungënto], mais deliciosa é que o aroma das especiarias.
Seu corpo é um pomar de frutos abundantes, de romãs, de henna e nardos, nardos e açafrões, cannabis [Kaneh Bosm] e canela e todas as árvores de incenso" ...

quarta-feira, agosto 11, 2010

MAAT NO MEU CORAÇÃO...




“a mãe dá à luz a filha e a filha dá à luz a mãe”.

"Oh mon coeur de ma Mère tu es le KA de mes transformations..."

E no meu coração subitamente

Tu és todas as mulheres que amei num só rosto

ou todos os rostos da única mulher que amei

e elevei à realeza da Deusa, EU MESMA.

RLP


“A mãe permitiu-me ver tudo – tudo, na sua diversidade, ela permitiu-me ver. Um dia, ela fez-me ver, à minha volta, Shiva e Sakti fazendo amor. Os humanos, os animais, as árvores e as plantas trepadeiras, dentro de tudo isso: Shiva e Sakti – purusha e prakrti – fazendo amor”. Ramakrisna-1884

Pela graça da Mãe, Ramakrisna percebeu Shiva e Sakti, quer dizer, purusha e prakrti, no interior do ser humano.

“Fazer amor com uma mulher (kamini), que prazer há nisso? Quando se tem a visão da Divindade, a qualidade suprema do prazer erótico (lit. “do coito”) é ananda (termo cujo sentido primeiro se referia ao orgasmo). Gauri disse: “ Quando se sente maha-bhava, todos os poros do corpo, até às raízes dos cabelos, se tornam um maha-yoni, uma grande vulva. Em cada poro sente-se o prazer da união com o atman.”
Ramakrisna 1883

Eu sou a Natureza, a Mãe de todos os deuses...


ISIS RAINHA DE TODAS AS COISAS

Eu sou a Natureza, Mãe de todas as coisas, a senhora de todos os elementos, a primordial progênie dos séculos a suprema das divindades.
A rainha dos mortos, a primeira das celestiais e a uniforme representante das Deusas e dos Deuses; eu que governo com o meu aceno as alturas luminosas do céu, as suaves brisas do mar e os nefastos silêncios dos infernos, e cuja única divindade toda a humanidade venera debaixo de múltiplas formas, sob vários rituais e debaixo de muitos nomes, sou adorada em toda à parte.
Cada nação tem o seu nome próprio para mim, vendo apenas um dos meus mitos, adorando-me com apenas um dos seus ritos.
Na antiga Frígia sou Pessinuntica, mãe dos deuses; para os áticos autóctones, Minerva Cecrópia; os flutuantes cípricos me chamam Vênus Pafia; em Atenas, onde os homens nascem do próprio solo, sou Artémis; na ilha de Chipre sou a dourada Afrodite.
Os arqueiros cretenses chamam-me Diana Dyctinna, os Sicilianos trilingues Proserpina, e os Eleusinos a intemporal Mãe dos cereais a Deusa Ceres.

Uns chamam-me Juno, outros Bellona das batalhas outros Hecate ou Rhanumbia. Mas há os que me conhecem melhor, aqueles que são iluminados pelos primeiros raios do Deus Sol nascente, os etíopes, os ários e os egípcios, abalizados na antiga ciência, adoram-me em cerimônias próprias e me chamam pelo meu nome verdadeiro, a Rainha Isis

Pára, pois agora de chorar, pois vim ajudar-te: olhei lá de cima e vi as mágoas da tua vida e tive piedade dos teus infortúnios... Por isso seca as tuas lágrimas e rebate a tristeza. Tudo vai mudar em breve e sob a minha luz vigilante a tua vida será refeita, renovada.

Vim meu filho em resposta às tuas orações.

(Adaptação livre do texto d’ “O Burro de Ouro” de APULEIO)



no Antigo Egipto

ISIS FOI ADORADA DURANTE MILHARES DE ANOS


Na sua festa “Noite do Berço” a 17 de Julho, que é também a festa da deusa Nut sua mãe e deusa do céu, eram ambas veneradas porque
“a mãe dá à luz a filha e a filha dá à luz a mãe”.

Da Imagem de Ísis com o filho Hórus, é decalcada a Virgem Maria
e como vimos, outras Deusas ao longo dos milénios...

***
Por Ísis, existe o céu.
Por Ísis, existe a terra.

Por sua vontade os ventos sopram no deserto
E o sol brilha com doçura.

Pela sua graça, o rio enche na primavera
E as plantas dão os seus frutos.

Por Ísis, vivemos e crescemos fortes,
Por Ísis, e só por ela, respiramos e damos graças.
***
In “O Caminho da Deusa” - Patrícia Monaghan

sexta-feira, agosto 06, 2010

AS DEUSAS MAAT E ÍSIS



“Vim e aproximei-me para ver a tua beleza, minhas mãos estão erguidas em adoração ao teu nome: Justiça e Verdade.”


(Papiro de Ani, folhas 29-30 – Museu Britânico)


MAAT


Maat é a Deusa do antigo Egipto

Que representa a harmonia do cosmos,

A força que mantém o mundo na sua continuidade,

A ordem universal. Justiça e Verdade, Maat é a lei

através da qual o mundo sai do primeiro caos.

O Símbolo de Maat é a pena que se encontra no prato da balança

no momento do julgamento dos mortos

como contrapeso do coração.

«««



ISIS

Ísis veio ao mundo por Apit a verdadeira sob a forma de uma mulher negra e dourada, doce de amor.

Foi-lhe dito que a pela sua mãe Apit – um outro nome de Nout – quando ela a viu pela primeira vez:

Sê gentil para a tua mãe.

Tu és mais antiga do que a tua mãe.

É por isso que o teu nome é Ísis

LES DÉESSES DE L' ÉGYPTE


OS PODERES DO CORAÇÃO


"Existirá em nós uma esperança de descobrir dentro de nós um elemento de estabilidade permanente, "um gerente responsável" da nossa encarnação, que saiba o fim e que nos possa iluminar o nosso discernimento quanto ao caminho que nos leva a esse fim?"


Isha S.L.


"Precisamos concluir que a percepção do mundo das causas está vedada à Humanidade? Sim, pelos meios humanos. Mas todos os verdadeiros Iniciados não vieram a esta Terra senão para mostrar esses meios que nos escapam. Ora este "mundo das causas" está expresso no TAO, ou no "Reino dos Céus", o meio essencial indicado para lá chegar é o mesmo: simplicidade de coração e de pensamento.
O Conhecimento dos poderes do coração é indispensável à prática do Caminho do Meio pois este só se pode praticar através da preponderância desses poderes e da sua influência. Esta via é um balanço constante entre o egoísmo do Eu e o altruísmo do Si. Só o coração pode realizar o prodígio do equilíbrio, pela sua posição mediadora entre o temporal e o intemporal, entre o organismo mortal e o seu arquétipo imortal. A alternância do seu movimento (dilatação-contracção) é a imagem perfeita desse balançar entre os dois poderes, do qual o pessoal tem de se tornar consciente, para ser transcendido pelo impessoal".

de ISHA SCHWALLER DE LUBICZ
in "A ABERTURA DO CAMINHO"

quarta-feira, agosto 04, 2010

A SENHORA DO PAÍS LONGÍNQUO



HATHOR: A CASA DO VERBO

“Ela une-se à sua imagem, ela desce do céu, para entrar no horizonte do seu Ka sobre a Terra, ela envolve o seu corpo, ela une-se à sua forma, que está gravada no seu santuário, ela senta-se sobre a sua imagem que foi esculpida na parede.”*



Desde há uns meses que estou ao serviço da Alta Sacerdotisa, em Denderá…
Não sei porque fui escolhida para a servir de noite e de dia…mas eu já vi que é muito difícil para mim continuar a servi-la de bom grado como quando aqui cheguei e pensava que seria muito agradável…


No início tudo parecia fácil e a Alta sacerdotisa era afável, mas depois começou a embirrar comigo…a pesar-me, a mandar-me calar e mandar repetir-me tudo o que eu fazia como se eu fosse uma novata! Dizia que eu não sabia nada e fazia tudo errado…

Não sei quanto tempo mais vou suportar a sua arrogância, o seu modo de ser que é tão diferente das irmãs a que estava habituada na casa grande. Ela não é amável nem atenta. É egoísta e vaidosa, vê-se o tempo todo ao espelho e fala com sapiência é certo, mas vangloria-se do seu saber como se ela fosse a detentora da sabedoria e não a própria Deusa. Fica horas a preparar-se para os rituais e faz-me pintá-la com esmero, as vezes repetidamente e sempre a perguntar-me se está bem…espera, parece, apenas elogios de todos e vejo que gosta que as outras irmãs a adulem… Todas lhe oferecem espelhos…
A mim não me parece bem…Eu sei que ela é a mais bela e inteligente sacerdotisa do templo de Hathor, mas não me parece que estivesse pronta para o cargo.

Também sei que a Deusa não vai gostar nada da sua conduta, mas ela tem ainda poder e conseguiu convencer as anciãs que a elegeram… Ela é vaidosa e não faz mais do que servir-se a si própria, isto é o que eu penso mas não me atrevo a dizer a ninguém.
Mas para mim Hathor, é a mais bela, e sei que Ela não vai gostar que nenhuma sacerdotisa lhe tire a sua glória…Ela é a Deusa suprema e não vai consentir que a alta sacerdotisa, que usa o seu colar de pedras preciosas e pérolas, lhe roube o esplendor nem nos engane na sua falsa humildade. Ela não vai deixar que ela siga no seu falso pedestal. A Deusa tem muitas faces e se na sua bondade nos acolhe também nos castiga na sua face de leoa, Shekimit…aquela que é justa e proteja as mulheres e responde aos seus apelos.

Eu, na minha luta interior, não quero ser cúmplice da sua queda que prevejo e vou muitas vezes rezar a Bastit para que ela me tire do seu serviço, mas não tarda que a Deusa das duas faces se enfureça.
Bem sei que por enquanto vou ter de continuar às suas ordens, mas não direi mais nada quando ela me perguntar se está bela…fingirei que não a ouço ou que me dói a cabeça….espero que ela não me chame mais para que não me faça todo o tempo carregar-lhe as túnicas, os pesados colares e os espelhos, os perfumes, os incensos e a mude de roupa vezes sem conta…
Não quero continuar a massajar-lhe a pele suave nem os pés delicados que pousa no meu colo quando se recosta na sua cama dossel, nem quero tocar harpa ou arranjar as flores que adornam o seu quarto nem preparar as suas mandrágoras, pois o meu coração fica tão apertado que mal consigo respirar. Se ela insistir nos meus serviços eu recuso-me mesmo que vá de castigo para uma cela e fique reclusa um mês, ou um ano, sim, mesmo que não assista à festa do ano novo para homenagear a Deusa do amor e da Alegria.
Não quero servir uma cópia falsa da Deusa. Não foi por isso que vim para Templo.

Dendera é o lugar mais belo da Terra amada mas eu, mesmo que vá para outro lugar, prefiro a servir uma mulher cruel e tão vaidosa…Há outras irmãs que eu adoro com quem canto e que vejo dançar nas procissões, e quando isso acontece sinto-me tão feliz e em casa…a minha alma voa como o pássaro Ba, neste lugar o mais belo da terra em que se une a nossa alma ao nosso ser eterno e ela encontra o seu Ka…porque é na casa da Deusa que o Sol brilha mais e por isso está sempre perto do céu…este é o lugar onde a sua Luz se eleva aos céus e ilumina os quatro cantos do mundo.

Eu, não sei porquê, perdi a minha alegria de viver desde que estou ao serviço da Alta Sacerdotisa; a minha alma está cada dia mais doente e eu sinto-me tão deprimida e ansiosa…há uma saudade tão grande da Deusa Mãe que eu não compreendo, parece que ela está cada dia mais longe de mim…
Amanhã se ela me voltar a chamar fingirei que estou sem forças e desmaio à sua frente; assim farei com que chamem a Sacerdotisa Curadora do Templo…A ela eu não preciso enganar, basta dizer-lhe o que sinto, pois ela sabe bem e respeita os nossos sentimentos pois eles são sagrados e falam da nossa alma…


A Curadora das almas veio e disse-me que os meus sintomas eram de uma mulher numa fase de apaixonada…e perguntou-me quem eu amava em segredo…eu respondi espantada que só amava a Deusa e mais ninguém pulsava no meu coração…ela então riu-se e disse-me que não era verdade, que eu devia estar a projectar o meu amor na Alta Sacerdotisa e por isso ela reagia assim comigo, para me tornar consciente da outra Face da Deusa, e para retirar a projecção…eu quase gritei e disse-lhe que não, que não podia ser, que isso era impossível pois o que eu sentia mais se parecia com ódio…por ela…e que essa suspeita me amargurava de dia e de noite e me enchia de medo da Deusa…

Nesse momento a curadora olhou no fundo dos meus olhos e disse…-"minha irmã, tu não sabes ainda que o ódio não é senão amor na sua forma mais violenta e embora primária, brota da alma tal como o amor mais puro ou a adoração da Deusa? Nós temos de vivenciar no nosso caminho iniciático todas as formas de amar…e odiar é só mais uma, no seu oposto e avesso, o mais perigoso, é certo, e se não o souberes alquimizar pode ser pior que veneno e é por isso que estás doente, mas é ainda amor”…
Nos seus olhos azuis como a turquesa, eu vi paz e amor e então ela olhou-me com um sorriso compreensivo, muito serenamente, tocou-me na testa com a mão em sinal de respeito e depois deixou-me só; eu fiquei a chorar toda a noite.


No dia seguinte, quando a Alta Sacerdotisa me chamou, ao olhar para mim, como se adivinhasse a minha dor e o meu espanto, apesar dos meus olhos inchados - o que a faria ver que me encontrava verdadeiramente convalescente - sorriu-me como nunca me tinha sorrido, olhou para dentro dos meus olhos como nunca me tinha olhado e disse: “Estás agora pronta para representares a Deusa. A partir de hoje vais ser minha oficiante e dormir no meu quarto para de manhã me acordares com os teus mais belos cantos…o meu coração reconheceu-te como a mais fiel servidora da Deusa. Todos os dias vais dançar para mim”.


Ela estava tão bela no seu resplandecente leito que a minha alma ficou enevoada e eu atordoada por tanta beleza. Sem me conter, ajoelhei-me na beira do seu leito e comecei a chorar, pedindo-lhe perdão. Ela levantou-me o rosto com as mãos e apertando-o olhou directamente a minha alma disse ainda: “Tu passaste a prova.”
Então, levantou-se com a majestade da própria Deusa, imponente e cheia de amor, deu-me a Chave da Vida depositada no altar da Deusa, a Anke em forma de espelho e disse: “olha bem para ti: agora já sabes que o amor tem muitas faces e nenhuma é verdadeira até que sejas só Tu e Eu unidas no Seu Amor.” E acrescentou: “E nunca esqueças que é na sede do meu coração que Ela habita e o lugar que Ela mais ama. “Tot disse “que a mais pura alegria é aí que reina, e que lhe ofereçamos vinho sem cessar antes de a qualquer outra Deusa”

E DIANTE DO ALTAR DA DEUSA EU BEBI DO SEU SEIO O LEITE E O VINHO ATÉ CAIR A SEUS PÉS ENEBRIADA E FELIZ, SUA SERVA, SALVA PARA TODA A ETERNIDADE.

* Um texto esculpido em no Templo de Dendera


ROSA LEONOR PEDRO 2010

quinta-feira, julho 22, 2010

DA MESTRIA DO GATO À DEUSA GATA, DEUSA DO EROTISMO,





DEDICADO À QUEM AMA OS GATOS

A MESTRIA DO SER (OU NÃO SER...)


(...) O ser humano ainda não iluminado pela sua consciência espiritual quanto aos valores reais ou relativos, deixa o seu mental apoiar os desejos instintivos do seu ser inferior, cujas exigências anárquicas criam tumultos de aceleração de impaciência, e de caprichos incoerentes.
Sofrendo dessas influências, o Autómato humano assemelha-se a certo tipos de animais. O cão treme de impaciência diante do osso avidamente desejado. A inconstância do macaco é típica pela sua dispersão de ideias. A agitação da mosca lança-a para a armadilha da aranha. A pressa é a preocupação da abelha pelo dever social; é também a inquietação da formiga que tem sempre qualquer coisa que fazer, mas que se precipita em voltas supérfluas, sabendo a direcção, mas não a maneira de contornar os obstáculos
.


Ao contrário de outros animais que nos dão uma lição de mestria,
sendo exemplo disso o gato cuja sabedoria é um modelo porque junta a maior paixão à mais indiferente calma.



Na sua imobilidade reflecte o seu salto, sempre exacto;
a força dos seus rins é proporcional ao relaxe do seu sono:
há no seu sono, o abandono da criança recém-nascida,
enquanto que o seu instinto está sempre de vigília;
a sua leveza sem resistência torna a sua queda sem perigo;
Caça e luta são para ele alegria do jogo: ele caça sem ódio e joga sem finalidade;
constantemente pronto ao ataque sem animosidade,
e pronto a defender-se sem apreensão:
vencedor indiferente, ele nunca é vencido.



A serenidade é o fruto da independência.
Cria em ti esta independência, que não é indiferença, mas neutralidade face às impressões recebidas do exterior: bonito e feio, bom e mau, alegre ou triste, agradável ou penível... Um a coisa é discernir as qualidades, outra é deixá-las afectar a nossa disposição.
(...).
La paz sobre esta Terra não pode ser a supressão das forças opostas, mas a sua conciliação no interesse de um fim comum: a vida indestrutível.


In « L’OUVERTURE DU CHEMIN » de ISHA s. DE LUBCZ

O LIVRO essencial do Conhecimento iniciático do Egipto

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O GATO NO ANTIGO EGIPTO


A Deusa com cabeça de gata, Bastit, era a irmã de Sekhemet da qual ela representava o aspecto doce. Ela bebe leite enquanto que Sekhemet bebe sangue...
(...)
Algumas vezes Bastit tem na sua mão a cabeça de Sekhemet, para mostrar que ela pode esconder esse outro lado...
O gato era o animal sagrado em Bubaste, onde Bastit tinha o seu Templo; os gatos eram intocáveis e quando morriam eram embalsemados.
O gato tem um aspecto lunar e um aspecto solar. Ele é dotado de uma extraordinária flexibilidade da coluna vertebral e dum poder energético intenso.


In HER-BAK “DISCIPLE”
( Isha S. De Lubicz)

Ó meu coração de minha mãe...



"L'oeil est donc comme une image-symbole évoquant la notion de santé physique, que le candidat à l'immortalité est censé retrouver dans le monde de la vie éternelle.
Le symbole de l'œil se réfère également au mythe cosmogonite du démiurge, et à celui d'Horus.
"

Ó meu coração de minha mãe, ó meu coração da minha mãe, víscera do coração das minhas diferentes idades, não te levantes contra mim em testemunho, não te oponhas a mim em tribunal, não mostres hostilidade contra mim na presença do guarda da balança!

Tu és o meu Ka que está no meu corpo, o Knum que torna prósperos os meus membros. Dirige-te para o bem, que nos está preparado no além!
(...)
Não inventes mentiras contra mim perante o grande Deus, senhor do ocidente! Vê: da tua nobreza depende seres proclamado justo.


in "LIVRO DOS MORTOS" do Antigo Egipto

quarta-feira, julho 21, 2010

sete dias sem a ver...



POESIA DO ANTIGO EGIPTO


(...)
...Sete dias e eu sem a ver.
A minha doença cresce:
tenho pesados todos os membros!
Já nem me reconheço.

O alto sacerdote não é medicina, o exorcismo é inútil:
esta é uma doença sem explicação.
Eu disse: Ela fará com que eu viva,
o seu nome fará com que eu me erga...
As suas mensagens são a vida do meu coração
chegando e partindo.

Mas a minha amada é a melhor medicina,
mais do que qualquer mezinha ou remédio.
A minha saúde está em vê-la aparecer...
Ficarei curado mal a veja.
Abra ela os meus olhos
e os meus membros retomarão a vida;

Basta que me fale e a minha força voltará.
Abraçá-la fará desaparecer todos os vestígios da minha doença...
Há sete dias que ela me abandonou...

O erro está em confundir amor, desejo e necessidade



A DUALIDADE
do ser...

"Enquanto que existimos no nosso corpo terreno, estamos sujeitos à lei da Natureza que é dualidade; e esta dualidade cria a afinidade entre os complementos separados.
Esta dualidade, que é a base e o mal inicial da Natureza, é também a base da nossa experiência terrestre cuja finalidade é ultrapassar esta mesma Natureza na procura do retorno à Unidade.
Ela é a base da nossa cultura de consciência, uma vez que lhe damos a possibilidade da escolha entre as qualidades opostas, entre o que é real ou relativo, bom ou máu para a nossa consciência actual.



A dualidade sendo a causa da sexualidade -- portanto, a afinidade entre os complementos -- é a causa do desejo que o ser humano chama amor. O erro está em confundir amor, desejo e necessidade (...)


"TOUTE CONNAISSANCE CONÇUE PAR LE COUER MONTE EN SURFACE D'ELLE-MÊME COMME LA CRÈME SUR LE LAIT, SANS AUCUN EFFORT DE PENSÉE: CECI EST LA VRAI CONNAISSANCE INTUITIVE".

"L'OUVERTURE DU CHEMIN" DE ISHA SCHWALLER DE LUBICZ

- A alma divina é neutra,



O NOSSO VERDADEIRO EU


(...) O “eu” é o portador do nome que assiste, impotente, ao julgamento do seu coração. O Nome é o verbo aparente da personalidade humana terrestre; ele devia ser a expressão do seu Ka e da sua natureza, se ele estivesse correctamente atribuído. Ele é sempre a fórmula mágica que conserva a sua imagem na memória dos seres.
Ele é a veste do eu egoísta; é por isso, que quando este eu egoísta se apaga diante do homem consciente do seu fim altruísta, nós modificamos o seu nome para o pôr em harmonia com o seu Ser e a sua função verdadeira.

- Porquê que é que a alma - pássaro (BA) fica à parte na cena do julgamento?
- A alma divina é neutra, impassível e indiferente a esta história pessoal.

Se o homem não cultivou a afinidade do seu KA por esta alma, se ele não estabeleceu, por um apelo constante ao seu ser espiritual, a relação que é a sua consciência recíproca, a alma volta para a sua pátria, e o seu ser unificado não se poderá realizar."


In HER-BAK “Disciple”, de Schwaller de Lubicz.

- A alma tem de se ligar ao Espírito, não só através da oração (o Nome verdadeiro), como dessa consciência recíproca.

A VOZ DO CORAÇÃO




O PALÁCIO DAS DUAS VERDADES




"A atividade crucial de Maat ocorria no Palácio das Duas Verdades (Maati), onde os mortos iam para o julgamento final. Primeiro, o falecido deveria proferir uma “confissão negativa” declarando que não cometera pecados ou más ações. Verificava-se então se estava sendo honesto a cada um dos 42 itens confessados. Depois seu coração era colocado em um prato de balança, enquanto no outro estava uma pena de avestruz simbolizando Maat (a verdade). Por vezes era, ela mesma, a balança. Não se sabe com clareza de que forma o coração era pesado para que a alma do morto fosse considerada justa. Sabe-se somente, que se o coração tivesse o peso certo em contraste com o peso de Maat, a pessoa estava justificada.

O coração, portanto, é considerado a "voz" e somente ele dirá para onde deverá ser destinado. Caso não o tenha, a pessoa é lançada a um monstro híbrido temível composto de partes de crocodilo, leão e hipopótamo chamado Ammut, comedor de mortos.

Para os egípcios, o coração não era tão somente um órgão vital do corpo, mas era também a consciência, ou o centro do pensamento. Ele representava a voz de Maat no ser humano, a voz oracular da Ordem Cósmica que rasga o véu e penetra no mundo humano. Entretanto, por essa razão, as palavras do coração tornaram-se um problema para os egípcios, pois ele testemunhava no Palácio das Duas Verdades contra a pessoa. Essa crença era tão forte, que existia até uma prece especial, dirigida ao coração, que era inscrita em um amuleto em forma de escaravelho e depositada no local do coração durante o ritual de embalsamento. Tal prece suplicava que o coração não se levantasse "como testemunha contra mim".

- autor desconhecido...

segunda-feira, julho 19, 2010

Vi o teu rosto na lua...


Nout

Vi o teu rosto na lua...
aparecia e sorria entre as nuvens e desaparecia.
Ias e vinhas como uma fada
e com as mãos brincavas com as estrelas
dançando entre os raios de luz.
Inebriavas-me com promessas que eu decifrava nas esferas,
rodopiavas no céu e os teus raios estilhaçavam todo o meu ser.

Eu caia em abismos, memórias e perfumes
e quando me erguia já não te via...
A minha alma escurecia e pedia que aparecesses outra vez;
e mais uma vez tu vinhas e dançavas para mim,
e o meu sangue liquefazia-se e não sei porque magia
eu voava e dançava contigo no espaço:
era estrela e cometa e a própria lua...
e já não sabia se o que via era o meu rosto
ou o teu por cima de mim.

IN MULHER INCESTO- sonata e prelúdio de rosa leonor pedro

sexta-feira, julho 16, 2010

A TERRA AMADA

“E esta existência paralela, na Terra Última, é tão única genuína e exclusiva quanto as existências que levamos na terceira dimensão. E é sólida. A experiência da Terra Última é inteiramente física.”

In Terra Última de André Louro de Almeida
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Por Maat

Ah, meu amor alado…tu vieste quando eu já não esperava nada…

Há muita coisa que disseste e eu não quis entender. Coisas que ressoaram estranhamente no meu ser, tão implacáveis umas e outras certeiras, outras que talvez ainda me venham a acordar lembranças que eu não quero. Coisas novas e velhas deste e doutros tempos que ecoam sub-repticiamente na minha memória…
Eu sei que há coisas alojadas na nossa carne desconhecidas de nós…coisas que não sabemos ainda…e tantas vezes fazemos tudo por ignorar…fugimos de da dor encoberta por tantas mentiras e desculpas que nos demos ao longo da vida ou de muitas vidas… Eu sei que essa mentira está alojada nas nossas células, como dizia a Mère, e poucos são aqueles que se dão ao trabalho de as arrancar de lá. As nossas defesas são crostas que escondem feridas abertas. Às vezes é preciso tirá-las e elas voltam a sagrar…sim, nós temos couraças tremendas, medos que não ousamos enfrentar.

Coisas que só a Magia do Amor pode curar.

Ah! Como as palavras podem ser poderosas! Sim, as palavras são poderosas e mágicas…elas tanto têm o poder de evocar o Nome como de trair a Verdade quando te enleiam em teias e mentiras, criando um mundo falso de artifício que tu tomas e defendes como verdade...
Elas tanto podem ajudar a construir um ser como a desferir um golpe de misericórdia…elas podem destruir completamente alguém quando as dizes cheia raiva…

As palavras, meu amor, podem elevar o teu coração ao céu ou enviá-lo num ápice para o inferno. Elas podem ser salvíficas se forem justas… mas também podem ser terríficas quando as usas intrepidamente como espadas… elas ferem ou matam…


Elas podem ser música para o teu coração, se doces e ternas, acariciar-te a alma e redimensioná-la… mas as palavras também nos comprometem ou aprisionam ao pensamento dual…e podem por convicção ser bombas na tua boca como eu posso ser a suicida que se mata na alma amarrada a elas…por um ideal ou uma causa cega.
As palavras podem ser néctar na tua língua se eivadas de amor e também podem ser viscosas, veneno puro, letal para quem as ouve, se de ódio…

Ah, mas as palavras, como eu as adoro ouvir de ti…e as que mais gosto…é as que proferes entre o silêncio de dentro e a música das esferas, quando exalas um suspiro íntimo e profundo e as calas e eu sinto debaixo da tua pele o teu coração que bate ao ritmo do universo…
Tu vieste e transformaste a poesia em realidade, e cada palavra mágica que dizes viaja nas minhas células à velocidade da luz… É então que eu voo nas tuas asas Maat, e sinto o teu amor real e eterno.
rosaleonorpedro

terça-feira, julho 06, 2010

Ísis cumpre a função da vida...


OSÍRIS E ÍSIS

Quando Osíris é assassinado por seu irmão Seth seu corpo é desmembrado em 14 partes
, segundo a versão mais aceita do mito. Ísis, esposa de Osíris, sai em busca das partes do esposo na intenção mágica de fazer com que Osíris ressuscite, só que apenas 13 partes são recuperadas, menos o falo, que fica perdido.

O falo de Osíris não recuperado por Ísis é um símbolo do que estava por vir: uma profecia.

O falo de Osíris é o símbolo do princípio masculino perdido. Assim não é só o resgate do feminino que precisa ser feito hoje em dia, o masculino, o homem verdadeiro precisa ser recuperado, pois está castrado, destituído de poder em si.
No mito egípcio, Ísis é capaz de conceber mesmo sem o falo de Osíris mostrando que o princípio feminino é capaz de gerar por si mesmo. A partenogênese prova isso.

Osíris foi desmembrado (Olha o duplo sentido! Que Freud me desculpe, mas não parece que a inveja do pênis é uma coisa entre homens?) por Seth e reconstituído por Ísis e Néftis. O mito indica que o princípio feminino não só gera a vida, mas também é capaz de restabelecê-la e reorganizá-la.

Assim o mito revela seu caráter profético ao indicar a queda do masculino e ao mostrar como restabelecer o poder do masculino em nossa época: através do feminino.

No mito Ísis pede ajuda de sua irmã, Néftis. E Néftis é a esposa de Seth, portanto a sua contraparte feminina. Se foi Seth que matou e fragmentou Osíris, é Néftis que auxilia Ísis a recuperar o poder do marido morto.

Assim não podemos ver Seth como o mal, porque a sua contra-parte não o é.

Tenho visto análises do mito como se os deuses fossem expressões da mente humana e não forças impessoais da Natureza, assim nessas análises os deuses são cumulados com qualidades típicas de humanos (inveja, ira, luxúria, violência, etc) que incapazes de verem algo além de si mesmos tomam as forças impessoais da Natureza como se extensões suas fossem. Humanos...

Cada Deus ou Néter, como uma força impessoal da Natureza, cumpre uma função no mito.
Seth cumpre a função do destruidor, da morte.

Ísis cumpre a função da vida, da restauradora.

E Néftis media entre um e outro ficando no limite entre a vida e a morte, pois ela é esposa de Seth e irmã de Ísis.

Ver Seth como o mal é separar e fragmentar o entendimento do mito, pois não há o mal absoluto, se assim fosse Seth não teria nascido da mesma fonte dos outros Néteres.

Ver Seth como o mal é alijar a força da morte do processo da vida. E tal não pode ser feito porque a vida é o caminho onde a morte nos desafia, permitindo-nos a renovação.

O processo de demonização de diferentes mitos tem como objetivo o controle mágico, ideológico e religioso, pois o mal torna-se sempre o outro, o outro culto, o outro deus, o adversário.

Isso ocorre com Seth, com Exu e com Pã ao serem identificados com o diabo cristão. Não é deus uma invenção do homem dito civilizado e sim o diabo, pois expressão de seu próprio ego auto-importante e fragmentado. Não há conceito de diabo ou mal personificado nas tradições em harmonia com a Terra. O diabo nasce da desarmonia do homem com a própria Terra da qual é fonte.

Seth, Pã e Exu personificam forças que lidam diretamente com esse mundo, com essa realidade. Uma elite mística, religiosa e mágica identificou esses mitos com o mal apenas para que as massas ficassem alijadas do uso de tal poder enquanto eles mesmos executavam e executam ritos de magia com tais poderes. Um ponto cantado tradicional de Umbanda diz que "na batina do padre tem dendê", indicando como os antigos xamãs afro-brasileiros percebiam as manobras ocultas dos curas católicos. Vemos os padres vestidos de preto e vermelho, em especial os cardeais. Dizem que a própria Igreja Universal que persegue os cultos afro-brasileiros celebra em segredo os mesmos, basta para isso ver que adotam formas e práticas algo disfarçadas muito semelhantes em várias ocasiões. Eles usam essa vibração e conquistam posições no mundo material e alijam a massa de tal força.
Osíris e Seth são dois aspectos da mesma força. “Osíris é um deus negro”.

Há um ponto na Umbanda que revela a seu modo, sob a linguagem sincrética e misturada, o fato de Osíris ser um deus negro.

Exu que tem duas cabeças
Mas ele olha a sua banda com fé
Se uma é Satanás no inferno
A outra é de Jesus Nazaré.

É claro que tal ponto arrepia até a alma aqueles que não têm a compreensão da Unidade.

Alguns ouvirão no fundo da mente o coro inquisidor gritar: - Blasfémia, heresia!

Mas a maior blasfémia é a heresia da separatividade.
Quando separamos essas forças uma fragmentação ocorre e perdemos a conexão com o princípio masculino que fica em desequilíbrio.
Esse desequilíbrio tem dois pólos:

Osíris morto representa a espiritualidade morta e Seth assassino é a sexualidade exacerbada e descontrolada porque destituída de espírito. Sim, podemos ver Osíris como o espírito em nós e Seth como a sexualidade em nós, dois aspectos de uma mesma força. O mito mostra isso pois o falo é a única parte não recuperada do corpo de Osíris, pois ele pertence na verdade a Seth, que como Exu, é uma entidade fálica.

Assim recuperar a sexualidade sagrada é reconciliar Osíris e Seth, permitindo a ressurreição de um homem verdadeiro, capaz de honrar o feminino, a Deusa e a mulher porque integra em si o desejo sexual e espiritual. A sexualidade sagrada é uma relação entre o masculino e o feminino, que não pode ocorrer se o homem mantém-se fragmentado. Um homem fragmentado torna-se um padre ou um monge que odeia o feminino porque vê na mulher a imagem do pecado e da tentação ou um machista que tenta se impor pela agressividade, pela violência, pelo dinheiro, pelo poder que ostenta de diferentes formas, que vão de um carrão até a construção de monumentos como obeliscos gigantescos imitando um poder que não possui em si e que vê na mulher um objeto de consumo.

Há no machista e no monge que nega a si mesmo uma espécie de raiva da mulher, porque há uma inveja de seu enorme poder sexual e capacidade multi-orgástica. Essa inveja fez com que nossa cultura limitasse o poder do feminino em dois estereótipos: a virgem mãe e a prostituta arrependida. São tentativas desesperadas do macho fragmentado de tentar controlar a fêmea porque incapaz de fazer frente, pelo auto-domínio, ao poder sexual da mulher, ainda mais da mulher plena.

As 13 partes de Osíris recuperadas nos indicam o arcano 13, a morte do Tarot. A 14ª parte indica, se recuperada, a possibilidade de uma transição para uma era de regeneração, 14 é o número do Tarot para a Temperança, que tem óbvias semelhanças com Aquário, signo da nova era, regido por Urano, regente no corpo humano das glândulas sexuais, onde está a força do espírito, a força feminina e regeneradora, a Energia Criadora, Shakti, Kundalini, Néftis, a Ísis velada e oculta em nosso corpo. No arcano 14 do Tarot vemos um anjo hermafrodita, símbolo da harmonia e da reconciliação do feminino e do masculino.
Assim cada homem é um Osíris assassinado que pode recuperar-se ao juntar em si o poder de Seth, sexualidade e o poder de Osíris, o espírito, por intermédio do feminino: Néftis como o poder oculto de Kundalini e Ísis como esse mesmo poder revelado e restaurado em nosso corpo, a serpente expressa pelo terceiro-olho dos iniciados egípicios.
Para tal Osíris – o homem - e Ísis – a mulher - devem celebrar o casamento mágico e alquímico.

obs: texto em construção - F.A.
in pistas do caminho
http://pistasdocaminho.blogspot.com/
*
Agradeço a F.A. a sua lucidez e consciência e espero que ele não se importe que publique o seu texto em construção na íntegra. Mulheres E Deusas abençoa os homens lúcidos e que percorrem o Caminho de retorno à origem sagrada!
rlp

segunda-feira, junho 14, 2010

A TERRA AMADA, MÃE ADORADA


O EGIPTO

“Este grande país inventou tudo, desde o nome dos deuses deuses imortais, à escultura, à arte de governar, e agora chafurda na lama das margens do rio que lhe dá vida.
Outrora a maior nação da Terra, é agora uma apenas entre muitas.
(…)
Desde que os Egípcios destronaram a grande Mãe Ísis, a Mãe Suprema, a Deusa de que todos os seres surgiram, perderam o poder e desceram até ao nível das outras nações. Todos os países entram em decadência, quando destronam as suas deusas – este é um segredo que vós, Safo, deveis compreender.”

in Os Amores de Safo
de Erica Jong

quarta-feira, maio 05, 2010

MAAT DEUSA DA VERDADE E DA JUSTIÇA


MAAT, UM CONCEITO ÉTICO DE VIDA

"Faze justiça enquanto durares sobre a Terra"

Todas as religiões têm um conteúdo moral ao lado dos objetos de culto e a moral básica dos egípcios tinha o nome de MAAT. Ela foi criada antes do mundo e através dela o mundo foi criado. É quase impossível traduzir a palavra com exactidão, mas ela envolvia uma combinação de idéias como "ordem", "verdade", "justiça" e "rectidão". Considerava-se Maat uma qualidade não dos homens, mas do mundo, infundida neste pelos deuses no momento da Criação. Assim sendo, representava a vontade dos deuses. A pessoa se esforçava para agir de acordo com a vontade divina porque essa era a única maneira de ficar em harmonia com os deuses. Para o camponês egípcio, Maat significava trabalho árduo e honesto, já para o funcionário, significava agir com justiça.

Durante as amargas dificuldades e a desilusão que flagelaram o Primeiro Período Intermediário, surgiu por instante a idéia que Maat não era apenas uma qualidade passiva inerente ao mundo, mas que os súditos do rei-deus tinham o direito de esperar que fosse praticada. Isso representava um passo para o desenvolvimento de um conceito de justiça social. Portanto, é mais importante "conservar Maat" (isto é, obedecer a lei) do que adorá-la. A própria Maat dá assistência nessa tarefa guiando, instruindo e inspirando os egípcios e após a morte ela é o princípio pela qual eles são julgados. Ela é a personificação da sabedoria! No período helênico, os atributos de Maat foram absorvidos por Ísis. Maat era portanto, a Deusa da Justiça e da Verdade, ligada ao equilíbrio (Libra) necessário para a convivência pacífica entre todos os seres."

segunda-feira, maio 03, 2010

AS DUAS FACES DA MULHER


N.C. Na Deusa Selvagem 2 você conta uma experiência que teve num templo no Egipto, onde sentiu as contracções de um parto. Experiências dessa natureza são igualmente de júbilo?

- Completamente. Eu estava em viagem no Nilo. Estava a visitar o templo de Denderah, mais precisamente na cripta do templo de Ísis-Hathor. Em frente a um muro, mergulhada na obscuridade eu senti, é verdade, violentas contracções de parto. Eu voltei-me para a parede, com os olhos fechados e vi interiormente os cornos de Hathor, o seu disco vermelho, com o sentimento de estar a ser arrastada numa dança de electrões. Depois destas duas experiências, tomei conhecimento que os hieróglifos de um lado da parede figuravam um texto sobre o nascimento físico, e do outro lado um texto sobre o nascimento espiritual. Só as mulheres podem viver estas sensações. Talvez porque elas por definição são mais abertas e prontas a aceitar deixarem-se tomar por forças, energias que as ultrapassam.

Joelle de Gravelaine