quarta-feira, janeiro 10, 2007

TERRA DE EXÍLIO OU PARAÍSO?



Tenho andado nestes dias a passear por ruas sujas e decadentes, becos sem saída, nojentos e pobres, prédios velhos, casas a cair de podres… a olhar os azulejos antigos, os castelos e as ruínas e sinto-me estranha... Talvez porque antropólogos andam a escavar estas ruas velhas e sujas de Lisboa a descobrir pedras romanas ou mouras, esqueletos com centenas de anos...

Não sei o que vejo, mas sinto uma espécie de nostalgia...de algo que foi ou que poderia ser e não é, de algo que me escapa e tenho pena...
Como me apercebi de súbito que como eu nunca estou presente na minha vida...é como se estivesse ausente de mim...não me lembro das coisas, não discorro o que faço...Vivi sempre com este cansaço e recusa inconsciente de estar no mundo. Sempre me senti deslocada, peixe fora de água, com um peso e um sentido de sacrifício enorme e não sei porquê...Porque nunca me senti feliz ou aberta para a vida, com esperança ou animo, entusiasmo em viver...a minha vida sempre me foi estranha e penosa, nunca teve nada a ver comigo...Tenho saudades de uma casa minha, de outro ser que fui e não me recordo, de um espaço ou lugar que nunca conheci, como se fosse apátrida ou exilada e penasse de um castigo qualquer inconsciente que me tolhe qualquer liberdade ou vontade de ser e viver...
Este ser que sou aparentemente quase nada tem a ver comigo e sofro com isso, carrego um fardo ao andar neste corpo que parece não ser o meu...Quem sou eu no fundo? Onde está a minha casa verdadeira, os seres que amo, os jardins que não reencontro...onde está a minha família de origem, os meus irmãos e irmãs de alma, os meus amigos e amigas de sempre, onde está essa grande alma que sempre me acompanhou...a mulher bela me isteriosa que me marca a imaginaçaõ de criança e com quem sempre sonhei mas que nunca encontrei...
Seria uma Deusa a quem rezei ou me devotei por inteiro?
Não sei...

Apenas sinto saudades...da minha verdadeira casa... da minha alegria genuína que me lembre nunca a vivi nesta vida. Queria tanto voltar para casa da minha Mãe....voltar para o seu Templo o seu jardim...Era tão doce e fresca a aragem, era todo a beleza de um jardim de árvores frondosas e flores abundantes que sorriam para mim e onde me sentia livre e segura como nunca me senti aqui...

Sufoco porque me faltam as fontes e a água pura de lagos, as árvores benignas à sombra das quais andava e fui feliz...tenho saudade da natureza, da vida genuína, da paz e da harmonia que não existe já há muito neste planeta, e que se extinguiu como se jamais tivesse existido.

Onde é que eu já vivi aquilo de que me lembro? Sinto-me como se fosse uma exilada do paraíso e vivesse aqui um inferno...
Estou tão cansada desta estada aqui; tão farta de ruídos e poluição, de carros, de gritos e ódios; da cegueira dos hoemns e da alienação humana; deste movimento incessante e inútil de autómatos amontoados em cidades mortas como lixo tóxico.

Esta terra é o meu exílio onde expio não sei que erro...

Porquê deuses...deusas, anjos e arcanjos e mais não sei que nomes lhes dar, aos elementais, aos gnomos e ondinas, as plêiadas e a sírios, a todos os seres de outras dimensões e que também partilham o sentido da existência mais pura neste universo.

Queria tanto acordar desta sensação penosa de como me vejo reduzida a ínfima espécie, a humana, quase rastejante para sobreviver...sem me deixarem levantar a cabeça das preocupações da subsistência, metralhada por slogans, escrava das audiências e dos midea, como toda a gente ao cimo da Terra, escravos do comércio e do consumo, do dinheiro e do petróleo...das guerras a proliferarem e da ameaça das bombas atómicas a cair…

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