"Tuas intenções são excelentes, mas a tua alma não se decidirá jamais a divulgar a verdade, por causa da diversidade das opiniões e das misérias do orgulho”
(Krates)
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Quando escrevo é quase sempre para mim mesma, para me reflectir no papel e poder ver-me ou sentir-me mais profundamente. Sempre escrevi como forma de interiorização, mas inconscientemente, pensei sempre, que havia alguma luz que me vinha de onde não sabia, mas, ao mesmo tempo, como se alguém também estivesse por detrás do meu ombro a soprar-me e a escutar-me simultaneamente. Lembro-me de escrever ainda adolescente os meus diários, com a viva sensação de haver alguém para quem eu escrevia e que eu desconhecia ainda e esperava a revelação. Não sei se era a falta de um interlocutor se a intuição de haver um “duplo”.
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Quando escrevo é quase sempre para mim mesma, para me reflectir no papel e poder ver-me ou sentir-me mais profundamente. Sempre escrevi como forma de interiorização, mas inconscientemente, pensei sempre, que havia alguma luz que me vinha de onde não sabia, mas, ao mesmo tempo, como se alguém também estivesse por detrás do meu ombro a soprar-me e a escutar-me simultaneamente. Lembro-me de escrever ainda adolescente os meus diários, com a viva sensação de haver alguém para quem eu escrevia e que eu desconhecia ainda e esperava a revelação. Não sei se era a falta de um interlocutor se a intuição de haver um “duplo”.
As pessoas normalmente falam para Deus ou para uma parte luminosa do seu ser. Qualquer criatura por mais embutida que seja tem disso uma clara ou vaga percepção. A oração é isso. A evocação do sagrado em nós recorrendo a uma imagem ou arquétipo que é activado pelo transporte – necessidade individual de atingir essa Parte de nós supostamente inatingível. As experiências místicas situam-se mais ou menos nesses estados que nos transcendem e são respostas ao nosso fervor e sinceridade. Daí que todas as fés e credos accionem as mesmas e idênticas experiências místicas. Tudo depende da projecção que se faz ou a ideia que se tem de um deus ou algo que nos transcenda. Ao longo dos anos eu mudei de perspectiva de “Deus”. E fiquei entre pagã e agnóstica o que não é inconciliável... Mas presentemente a noção ou experiência que mais me faz sentido é sem dúvida a ideia do DUPLO, designado por kA, segundo os egípcios. O meu duplo será, pois, o meu verdadeiro ser interior e que eu desde criança pressenti que me acompanhava e que se calhar é o que o vulgo chama de anjo da guarda...
Isto não é tão simples assim, mas o kA é o nosso ser eterno e que nos assiste e a quem devemos a continuidade do nosso ser. É alias muito difícil reter esta ideia para quem se identifica exclusivamente com o seu corpo mental ou físico e sem nenhuma ideia do Espírito que não seja em abstracto, algo fora do corpo e além, no Céu, como Deus, por exemplo, mas o espírito está tanto em nós, alma, como no nosso corpo, só que o nosso intelecto não o abrange! O Espírito tem a consciência toda e nós temos como finalidade evoluir até essa totalidade e à medida que evoluímos e tomamos consciência do nosso Espírito através da nossa alma, nós somos mais Deus. Para isso é preciso unir os dois lados de nós: feminino e masculino. Unir todos os opostos. Antes disso, porém, tem a Mulher de ser inteira e dela fazer nascer um novo homem.
« O MON COEUR DE MA MERE TU EST LE KA DE MES TRANSFORMATIONS »
“(...)
« O MON COEUR DE MA MERE TU EST LE KA DE MES TRANSFORMATIONS »
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O “eu” é o portador do nome que assiste, impotente, ao julgamento do seu coração. O Nome é o verbo aparente da personalidade humana terrestre; ele devia ser a expressão do seu Ka e da sua natureza, se ele estivesse correctamente atribuído. Ele é sempre a fórmula mágica que conserva a sua imagem na memória dos seres.
Ele é a veste do eu egoísta; é por isso, que quando este eu egoísta se apaga diante do homem consciente do seu fim altruísta, nós modificamos o seu nome para o pôr em harmonia com o seu Ser e a sua função verdadeira.
- Porquê que é que a alma - pássaro (BA) fica à parte na cena do julgamento?
- A alma divina é neutra, impassível e indiferente a esta história pessoal.
Se o homem não cultivou a afinidade do seu KA por esta alma, se ele não estabeleceu, por um apelo constante ao seu ser espiritual, a relação que é a sua consciência recíproca, a alma volta para a sua pátria, e o seu ser unificado não se poderá realizar."
Ele é a veste do eu egoísta; é por isso, que quando este eu egoísta se apaga diante do homem consciente do seu fim altruísta, nós modificamos o seu nome para o pôr em harmonia com o seu Ser e a sua função verdadeira.
- Porquê que é que a alma - pássaro (BA) fica à parte na cena do julgamento?
- A alma divina é neutra, impassível e indiferente a esta história pessoal.
Se o homem não cultivou a afinidade do seu KA por esta alma, se ele não estabeleceu, por um apelo constante ao seu ser espiritual, a relação que é a sua consciência recíproca, a alma volta para a sua pátria, e o seu ser unificado não se poderá realizar."
In HER-BAK “Discípulo”, de Schwaller de Lubicz
A alma tem de se ligar ao Espírito, não só através da oração (o Nome verdadeiro), como dessa consciência recíproca.
*****
E, eternos viajantes sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viagem e estrada.
A alma tem de se ligar ao Espírito, não só através da oração (o Nome verdadeiro), como dessa consciência recíproca.
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E, eternos viajantes sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viagem e estrada.
FERNANDO PESSOA
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