A CONSCIÊNCIA, O AUTÓMATO E O GATO...
(...) "O ser humano ainda não iluminado pela sua consciência espiritual quanto aos valores reais ou relativos, deixa o seu mental apoiar os desejos instintivos do seu ser inferior, cujas exigências anárquicas criam tumultos de aceleração de impaciência, e de caprichos incoerentes. Sofrendo dessas influências, o Autómato humano assemelha-se a certo tipos de animais. O cão treme de impaciência diante do osso avidamente desejado. A inconstância do macaco é típica pela sua dispersão de ideias. A agitação da mosca lança-a para a armadilha da aranha. A pressa é a preocupação da abelha pelo dever social; é também a inquietação da formiga que tem sempre qualquer coisa que fazer, mas que se precipita em voltas supérfluas, sabendo a direcção, mas não a maneira de contornar os obstáculos.
Ao contrário de outros animais que nos dão uma lição de mestria, sendoA serenidade é o fruto da independência. Cria em ti esta independência, que não é indiferença, mas neutralidade face às impressões recebidas do exterior: bonito e feio, bom e mau, alegre ou triste, agradável ou penível... Um a coisa é discernir as qualidades, outra é deixá-las afectar a nossa disposição." (...) A paz sobre esta Terra não pode ser a supressão das forças opostas, mas a sua conciliação no interesse de um fim comum: a vida indestrutível"
exemplo disso o gato cuja sabedoria é um modelo porque junta a maior paixão à
mais indiferente calma. Na sua imobilidade reflecte o seu salto, sempre exacto;
a força dos seus rins é proporcional ao relaxe do seu sono: há no seu sono, o
abandono da criança recém-nascida, enquanto que o seu instinto está sempre de
vigília; a sua leveza sem resistência torna a sua queda sem perigo; Caça e luta
são para ele alegria do jogo: ele caça sem ódio e joga sem finalidade;
constantemente pronto ao ataque sem animosidade, e pronto a defender-se sem
apreensão: vencedor indiferente, ele nunca é vencido.
In « L’OUVERTURE DU CHEMIN » de ISHA s. DE LUBCZ