- Na Deusa Selvagem, você conta uma experiência que teve num templo no Egipto, onde sentiu as contracções de um parto. Experiências dessa natureza são igualmente de júbilo?
- Completamente. Eu estava em viagem no Nilo. Estava a visitar o templo de Denderah, mais precisamente na cripta do templo de Ísis-Hathor. Em frente a um muro, mergulhada na obscuridade eu senti, é verdade, violentas contracções de parto. Eu voltei-me para a parede, com os olhos fechados e vi interiormente os cornos de Hathor, o seu disco vermelho, com o sentimento de estar a ser arrastada numa dança de electrões. Depois destas duas experiências, tomei conhecimento que os hieróglifos de um lado da parede figuravam um texto sobre o nascimento físico, e do outro lado um texto sobre o nascimento espiritual. Só as mulheres podem viver estas sensações. Talvez porque elas por definição são mais abertas e prontas a aceitar deixarem-se tomar por forças, energias que as ultrapassam.
Joelle de Gravelaine