terça-feira, agosto 30, 2022

AS MULHERES NO EGIPTO ANTIGO




AINDA AOS OLHOS DA MODERNIDAD
E... 

"Uma história sobre um papiro que data do século II d.C. relata que a deusa Ísis, concedendo presentes à humanidade, deu tanto poder e honra às mulheres quanto ela deu aos homens. Este conto reflete o status alta que as mulheres desfrutavam no antigo Egito.

Uma mulher egípcia poderia possuir propriedades em seu próprio nome e ter profissões que lhe davam liberdade económica de parentes do sexo masculino (as mulheres podiam praticar medicina, lidar com dinheiro e fazer transações imobiliárias). Uma esposa tinha direito a um terço de qualquer propriedade que possuísse juntamente com o marido e, após a sua morte, poderia dar a sua propriedade a quem ela quisesse, homem ou mulher. As mulheres egípcias eram iguais no sistema judicial e podiam agir como testemunhas, queixosas ou réus (como entenderíamos esses termos hoje). As mulheres eram responsáveis pelos crimes que cometeram e teriam de ser julgadas como qualquer homem.
As mulheres casadas eram conhecidas pelo título de "Mistress of the House" e a maioria do tempo das mulheres era gasto a cuidar da casa e das crianças. As suas responsabilidades incluem criar crianças (a menos que ela fosse rica o suficiente para poder pagar um escravo para o propósito) limpar a casa, costurar, consertar e fazer roupas, fornecer refeições para o lar e gerir as contas. Mesmo assim, há amplas evidências de mulheres que tendem a tarefas fora de casa, como o cuidado com a pecuária, a fiscalização dos trabalhadores nos campos (mesmo fazendo ela própria o trabalho de campo) a manutenção de ferramentas, compra e venda de escravos e reais estatutos @[1:10] e participando do comércio do mercado (todos estes direitos e responsabilidades, nesta medida, as mulheres da Suméria e da Grécia nunca tiveram).
Os Textos da Sabedoria Egípcia admoestam os maridos a tratarem bem as suas esposas, uma vez que o equilíbrio entre o macho e a fêmea resultou em harmonia (conhecida como ma'at) que era valorizada pelos deuses e, especialmente, pela grande deusa Ma'at, da Justiça e  da Verdade. O casamento era considerado um pacto entre marido e mulher por um compromisso para toda a vida de parceria igual e companheirismo que só poderia ser quebrado pela morte (que era a vontade dos deuses, não dos parceiros individuais de casamento) embora o divórcio era comum na prática.
Embora as mulheres em todos os níveis da sociedade egípica continuassem a depender em grande parte dos homens da família para sustento e status, as mulheres egípcias gozavam de maiores liberdades e responsabilidades do que as mulheres em qualquer outro lugar do mundo conhecido naquela época. A maneira cosmopolita e culta das mulheres egípcias é frequentemente enfatizada em pinturas de túmulos e relevos.
Os túmulos retratam mulheres em várias ocupações, como cantoras, músicos, dançarinos, servos, cervejeiros, padeiros, lutos profissionais, sacerdotisas e como esposas, filhas e mães obedientes. As mulheres sempre foram mostradas como jovens com ênfase na forma feminina. Nas pinturas de túmulos a esposa, irmãs e mãe de um homem parecem ter a mesma idade porque representações de velhice numa mulher (passados os anos férteis) eram consideradas desrespeitosas com o indivíduo que, afinal, seria jovem e bonita novamente depois de tudo ocultando o corpo e entrando na vida após a morte de O Campo de Reeds.
As mulheres continuaram a ser altamente respeitadas no Egito e a ter direitos iguais aos dos homens até a vinda do Cristianismo que pregou a inferioridade das mulheres aos homens e segurou o exemplo de Eva do Livro Bíblico de Gênesis como o sta duplicito ndard pelo qual todas as mulheres deveriam ser julgadas. Quando o Islão foi trazido para o Egito pelas forças muçulmanas conquistadoras, as mulheres desfrutavam de menos liberdades do que tinham sob o cristianismo e os dons da deusa Ísis, concedidos igualmente a homens e mulheres, foram esquecidos.

Autor: Joshua J Mark
Fonte: História Mundial. Org

sexta-feira, agosto 12, 2022

O último sortilégio.


 



"Já repeti o antigo encantamento,
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo. 

"Outrora meu condão fadava, as sarças
E a minha evocação do solo erguia
Presenças concentradas das que esparsas
Dormem nas formas naturais das coisas.
Outrora a minha voz acontecia.
Fadas e elfos, se eu chamasse, via.
E as folhas da floresta eram lustrosas.

"Minha varinha, com que da vontade
Falava às existências essenciais,
Já não conhece a minha realidade.
Já, se o círculo traço, não há nada.
Murmura o vento alheio extintos ais,
E ao luar que sobe além dos matagais
Não sou mais do que os bosques ou a estrada.

"Já me falece o dom com que me amavam.
Já me não torno a forma e o fim da vida
A quantos que, buscando-os, me buscavam.
Já, praia, o mar dos braços não me inunda.
Nem já me vejo ao sol saudado erguida,
Ou, em êxtase mágico perdida,
Ao luar, à boca da caverna funda.

"Já as sacras potências infernais,
Que, dormentes sem deuses nem destino,
À substância das coisas são iguais,
Não ouvem minha voz ou os nomes seus.
A música partiu-se do meu hino.
Já meu furor astral não é divino
Nem meu corpo pensado é já um deus.

"E as longínquas deidades do atro poço,
Que tantas vezes, pálida, evoquei
Com a raiva de amar em alvoroço,
lnevocadas hoje ante mim estão.
Como, sem que as amasse, eu as chamei,
Agora, que não amo, as tenho, e sei
Que meu vendido ser consumirão.

"Tu, porém, Sol, cujo ouro me foi presa,
Tu, Lua, cuja prata converti,
Se já não podeis dar-me essa beleza
Que tantas vezes tive por querer,
Ao menos meu ser findo dividi
Meu ser essencial se perca em si,
Só meu corpo sem mim fique alma e ser!

"Converta-me a minha última magia
Numa estátua de mim em corpo vivo!
Morra quem sou, mas quem me fiz e havia,
Anônima presença que se beija,
Carne do meu abstrato amor cativo,
Seja a morte de mim em que revivo;
E tal qual fui, não sendo nada, eu seja!"


Fernando Pessoa


ENTRE A TERRA E O CÉU


   



AS DUAS ÍSIS…

(…)
“A busca da verdade é também a busca do outro. Essa questão toca bem claramente o problema da dualidade masculino/feminino, dia/noite….Quando essa dualidade é dominada, leva a um outro nível de consciência, tal como é expresso na grelha integrada. A mulher – conhecimento/sabedoria – tem um substrato de facto, enquanto o homem precisa partir sem demora em busca de si mesmo. A mulher é para ele uma iniciação ao progresso, um catalisador do futuro. Nesse sentido a mulher parece ter vantagem em relação ao homem.
As duas buscas de Ísis demonstram muitas facetas dessas vantagens. Considerando Osíris como o representante do homem mítico a construir, vemos que ele precisa a toda a hora de ser reconstruído. Os catorze pedaços são catorze centros energéticos e esses mesmos centros foram escolhidos para nomear províncias do Egipto, os nomes. O corpo decepado do deus vivo que se tornará deus morto. É o fio invisível que assegura a continuidade ao longo da alternância vida/morte. É também o símbolo do grão que morre no solo para renascer em outro ser. Cada grão de Osíris estava ligado a uma província do Egipto. Ísis não encontrou o sexo, engolido por um peixe. Não existe província ligada ao sexo. Esse facto evoca outras ideias que encontramos em muitas religiões – reveladas ou não -, a de que o deus fundador foi concebido sem reprodução sexuada. O segundo aspecto está ligado ao facto de que são as mulheres que concebem. As mulheres são MA e o AM. A primeira matéria realizada seria a da mulher.

Existem tipos de fecundação em que podemos questionar qual é o verdadeiro papel do macho. Em certas fêmeas, o espermatozóide só traz um sistema de forças criador, apenas um stresse para o óvulo. Não existiria transmissão de património genético proveniente do macho, enquanto as recombinações genéticas teriam lugar unicamente no material genético proveniente da fêmea. A mulher já tem nela as infrastruturas para criar o ser inteiro. Falta-lhe justamente o impulso criador. Na Bíblia, o episódio da costela de Adão apresenta as coisas de maneira inversa.
Com a linguagem vibratória, a tradução da mulher dá a letra Z. E a constela de Adão seria a letra Z, que significa responsabilidade. Ora, a letra Z pertence ao mundo transcendental. A mulher já é portadora do mundo transcendental (A Virgem maria, Ísis, as virgens negras etc.). O homem, em contacto com a mulher, teria acesso ao germe da iluminação. E o casal alquímico exteriorizaria isso.
(…)
Chegarei mesmo a dizer que, nesta evolução do conhecimento, a mulher leva vantagem, mas não sei se ela sabe disso. Ainda mais que na situação actual ela se choca com o poder do homem. Sejamos claros: constitutivamente não existem relações de superioridade ou de inferioridade entre o homem e a mulher. Tudo depende do contexto sócio-cultural da época considerada cujas consequências extremas se manifestam nas sociedades do tipo patriarcal e matriarcal. O facto principal que se expressa no caso ideal é a complementaridade da infra-estruturas constitutivas de cada um…O resultado no mais alto nível vibratório de tal complementaridade é a fusas integral dos duplos que se traduz por um alargamento prodigioso do campo de consciência do casal alquímico. Trata-se de um verdadeiro processo de transcendência cujas consequências são múltiplas, principalmente transformações profundas e duráveis de cada um dos componentes do casal. Penso mesmo que esse estado ideal e final do casal alquímico, caracterizado pela fusão dos duplos, continua após a morte física. Mas atenção: eu não digo que tal resultado do casal alquímico seja verdadeiramente realizável.” *
(…)
*Etienne Guille
in O homem entre o Céu e a Terra

eterna divindade do céu


MÃE DO COSMOS...



"Oh Isis!,
Mãe do Cosmos,
raiz do amor, tronco, botão, folha,
flor e semente de tudo o que existe;
a Ti, força naturalizante, te conjuramos;
Chamamos a Rainha do Espaço e da Noite,
e beijando seus olhos amorosos,
bebendo o orvalho de seus lábios,
respirando o doce aroma de seu corpo, exclamamos:
Oh Noite!
Tu, eterna divindade do céu,
que és a Alma Primordial,
que és o que foi e o que será,
Ísis! a quem nenhum mortal levantou o véu,
quando Tu estejas sob as estrelas irradiantes do noturno
e profundo Céu do Deserto,
com pureza de coração e na flama da Serpente,
Te chamamos".


Shakti:

"O Despertar da Deusa Adormecida na Matéria A energia eléctrica ligada às Plêiades, profundamente impregnada na matéria, é uma expressão da potência da Mãe Divina – Shakti-Kundalini - animando com a sua força o interior da substância. Toda a matéria universal está impregnada de uma Deusa que dorme, esta Deusa representa a potência da Mãe adormecida na matéria. Esta é a condição inicial de uma aventura estrutural cósmica; no entanto, é importante não confundir este estado inicial da matéria, Shakti-Kundalini adormecida, com o estado da Mãe do Mundo envenenada, que aconteceu quando as 4 forças de distorção se introduziram no controle da força planetária. A história do adormecimento do princípio feminino é universal. Uma guardiã de pureza virginal na matéria está ameaçada… Esta realidade é inteiramente consistente com as histórias contadas às crianças como a Branca de Neve ou a Bela Adormecida. Cada unidade de matéria pode, ou não, ter desperta em si a consciência do Paraíso. Existem dois estados de átomos – átomos adormecidos e átomos despertos. Quando os átomos estão despertos isso significa que a radiação da Mãe despertou no seio da matéria. A potência de Shakti-Kundalini despertou e a energia cósmica está cada vez mais acesa e pulsante no âmago da substância. À medida que essa presença/força desperta, revela a Deusa Imanente da matéria. À medida que a Deusa adormecida na matéria desperta, a força dos 4 elementos é liberta numa espiral ascendente, numa corrente que aspira à conexão com a contraparte sagrada de cada partícula no paraíso A matéria evolui de forma rítmica, num movimento em espiral em direcção ao Paraíso onde está a contraparte sagrada para cada partícula."

(Texto e poema enviado por um amigo)