No Egito, eu adorava o perfume do lótus. Uma flor floria no lago, à alvorada, enchendo todo o jardim com um almíscar azul tão poderoso que parecia que até os peixes e os patos desfaleceriam. À noite, a flor poderia murchar, mas o perfume perdurava. Mais e mais fraco, mas nunca inteiramente desaparecido. Mesmo muitos dias mais tarde, o lótus permanecia no jardim.
Passavam-se meses, e uma abelha aterrava perto do lugar onde o lótus tinha florido, e a essência dele era mais uma vez libertada, momentânea, mas inegável.
O Egito adorava o lótus, porque este nunca morre. Passa-se o mesmo com as pessoas que são amadas. É assim que algo tão insignificante como um nome (duas sílabas, uma aguda, outra doce) pode invocar os inumeráveis sorrisos e lágrimas, suspiros e sonhos de uma vida humana.
Se te sentares na margem de um rio, verás apenas uma pequena parte da superfície dele. E, no entanto, a água que está perante os teus olhos é prova de incognoscíveis profundidades. O meu coração enche-se de agradecimentos pela bondade que demonstraste para comigo, ao te sentares na margem deste rio, ao visitares os ecos do meu nome. Bênçãos sobre os teus olhos e sobre os teus filhos. Bênçãos sobre o chão que pisas. Onde quer que vás, eu irei contigo."
Anita Diamant
in tenda vermelha