-" Não tenho religião nem pertenço a qualquer seita ou colégio de magos. Meus
pilares místicos eu os tirei da Terra dos Deuses e da Terra dos Homens, pois
muito se machucará quem não haurir concomitantemente forças e conhecimentos
dessas duas fontes. Não faço escola nem quero discípulos. Tudo que digo ou
escrevo é fruto de minha experiência pessoal e ninguém deve sentir-se obrigado a
seguir minhas idéias. Sou um livre pensador. Adotei o apelido de sheik porque
sou, como todos, um beduíno da vida, mas não um vagabundo das areias. Tanto
encontrei oásis maravilhosos em minha peregrinação como fui vítima das mais
enganosas miragens. Em ambas as circunstâncias aprendi lições valiosas que
procuro passar a meus companheiros de jornada. Fiz do AMOR, depois de conhecer
o desespero do ateísmo, a minha pedra angular e, assim fazendo, atingi a Sagrada
Compreensão que reconhece em todo os credos uma forma de caminhar sob medida
para a fusão com Brahma.
"Vivemos num planeta de provas e, como alunos, tudo devemos fazer para passar de
ano. Cada um conseguirá, algum dia, libertar-se de seus apegos e ilusões. Isso
demanda tempo e muitas vidas de aprendizado. Ninguém deve ter pressa, porque o
amadurecimento espiritual, imitando a Natureza, não dá saltos. Tudo virá no seu
devido tempo, porque os relógios jamais marcarão meio-dia antes que o sol nasça
de novo e os ponteiros sigam o seu percurso rotineiro. Cada fato da vida, doce
ou amargo, é um retalho precioso, uma experiência única, na colcha de retalhos
da existência em carne. Tudo é válido e tudo é lição, até o corpo estraçalhado
no meio das ferragens de um carro destruído na beira da estrada ou a incômoda
dor de barriga que sucedeu ao nosso excesso gastronômico. A vida é feita de
lágrimas e sorrisos. Nada mudará isto, chame você isto de karma, destino,
praga, azar ou maldição.
(...)
SHEIK AL-KAPARRA
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