terça-feira, julho 06, 2010

Ísis cumpre a função da vida...


OSÍRIS E ÍSIS

Quando Osíris é assassinado por seu irmão Seth seu corpo é desmembrado em 14 partes
, segundo a versão mais aceita do mito. Ísis, esposa de Osíris, sai em busca das partes do esposo na intenção mágica de fazer com que Osíris ressuscite, só que apenas 13 partes são recuperadas, menos o falo, que fica perdido.

O falo de Osíris não recuperado por Ísis é um símbolo do que estava por vir: uma profecia.

O falo de Osíris é o símbolo do princípio masculino perdido. Assim não é só o resgate do feminino que precisa ser feito hoje em dia, o masculino, o homem verdadeiro precisa ser recuperado, pois está castrado, destituído de poder em si.
No mito egípcio, Ísis é capaz de conceber mesmo sem o falo de Osíris mostrando que o princípio feminino é capaz de gerar por si mesmo. A partenogênese prova isso.

Osíris foi desmembrado (Olha o duplo sentido! Que Freud me desculpe, mas não parece que a inveja do pênis é uma coisa entre homens?) por Seth e reconstituído por Ísis e Néftis. O mito indica que o princípio feminino não só gera a vida, mas também é capaz de restabelecê-la e reorganizá-la.

Assim o mito revela seu caráter profético ao indicar a queda do masculino e ao mostrar como restabelecer o poder do masculino em nossa época: através do feminino.

No mito Ísis pede ajuda de sua irmã, Néftis. E Néftis é a esposa de Seth, portanto a sua contraparte feminina. Se foi Seth que matou e fragmentou Osíris, é Néftis que auxilia Ísis a recuperar o poder do marido morto.

Assim não podemos ver Seth como o mal, porque a sua contra-parte não o é.

Tenho visto análises do mito como se os deuses fossem expressões da mente humana e não forças impessoais da Natureza, assim nessas análises os deuses são cumulados com qualidades típicas de humanos (inveja, ira, luxúria, violência, etc) que incapazes de verem algo além de si mesmos tomam as forças impessoais da Natureza como se extensões suas fossem. Humanos...

Cada Deus ou Néter, como uma força impessoal da Natureza, cumpre uma função no mito.
Seth cumpre a função do destruidor, da morte.

Ísis cumpre a função da vida, da restauradora.

E Néftis media entre um e outro ficando no limite entre a vida e a morte, pois ela é esposa de Seth e irmã de Ísis.

Ver Seth como o mal é separar e fragmentar o entendimento do mito, pois não há o mal absoluto, se assim fosse Seth não teria nascido da mesma fonte dos outros Néteres.

Ver Seth como o mal é alijar a força da morte do processo da vida. E tal não pode ser feito porque a vida é o caminho onde a morte nos desafia, permitindo-nos a renovação.

O processo de demonização de diferentes mitos tem como objetivo o controle mágico, ideológico e religioso, pois o mal torna-se sempre o outro, o outro culto, o outro deus, o adversário.

Isso ocorre com Seth, com Exu e com Pã ao serem identificados com o diabo cristão. Não é deus uma invenção do homem dito civilizado e sim o diabo, pois expressão de seu próprio ego auto-importante e fragmentado. Não há conceito de diabo ou mal personificado nas tradições em harmonia com a Terra. O diabo nasce da desarmonia do homem com a própria Terra da qual é fonte.

Seth, Pã e Exu personificam forças que lidam diretamente com esse mundo, com essa realidade. Uma elite mística, religiosa e mágica identificou esses mitos com o mal apenas para que as massas ficassem alijadas do uso de tal poder enquanto eles mesmos executavam e executam ritos de magia com tais poderes. Um ponto cantado tradicional de Umbanda diz que "na batina do padre tem dendê", indicando como os antigos xamãs afro-brasileiros percebiam as manobras ocultas dos curas católicos. Vemos os padres vestidos de preto e vermelho, em especial os cardeais. Dizem que a própria Igreja Universal que persegue os cultos afro-brasileiros celebra em segredo os mesmos, basta para isso ver que adotam formas e práticas algo disfarçadas muito semelhantes em várias ocasiões. Eles usam essa vibração e conquistam posições no mundo material e alijam a massa de tal força.
Osíris e Seth são dois aspectos da mesma força. “Osíris é um deus negro”.

Há um ponto na Umbanda que revela a seu modo, sob a linguagem sincrética e misturada, o fato de Osíris ser um deus negro.

Exu que tem duas cabeças
Mas ele olha a sua banda com fé
Se uma é Satanás no inferno
A outra é de Jesus Nazaré.

É claro que tal ponto arrepia até a alma aqueles que não têm a compreensão da Unidade.

Alguns ouvirão no fundo da mente o coro inquisidor gritar: - Blasfémia, heresia!

Mas a maior blasfémia é a heresia da separatividade.
Quando separamos essas forças uma fragmentação ocorre e perdemos a conexão com o princípio masculino que fica em desequilíbrio.
Esse desequilíbrio tem dois pólos:

Osíris morto representa a espiritualidade morta e Seth assassino é a sexualidade exacerbada e descontrolada porque destituída de espírito. Sim, podemos ver Osíris como o espírito em nós e Seth como a sexualidade em nós, dois aspectos de uma mesma força. O mito mostra isso pois o falo é a única parte não recuperada do corpo de Osíris, pois ele pertence na verdade a Seth, que como Exu, é uma entidade fálica.

Assim recuperar a sexualidade sagrada é reconciliar Osíris e Seth, permitindo a ressurreição de um homem verdadeiro, capaz de honrar o feminino, a Deusa e a mulher porque integra em si o desejo sexual e espiritual. A sexualidade sagrada é uma relação entre o masculino e o feminino, que não pode ocorrer se o homem mantém-se fragmentado. Um homem fragmentado torna-se um padre ou um monge que odeia o feminino porque vê na mulher a imagem do pecado e da tentação ou um machista que tenta se impor pela agressividade, pela violência, pelo dinheiro, pelo poder que ostenta de diferentes formas, que vão de um carrão até a construção de monumentos como obeliscos gigantescos imitando um poder que não possui em si e que vê na mulher um objeto de consumo.

Há no machista e no monge que nega a si mesmo uma espécie de raiva da mulher, porque há uma inveja de seu enorme poder sexual e capacidade multi-orgástica. Essa inveja fez com que nossa cultura limitasse o poder do feminino em dois estereótipos: a virgem mãe e a prostituta arrependida. São tentativas desesperadas do macho fragmentado de tentar controlar a fêmea porque incapaz de fazer frente, pelo auto-domínio, ao poder sexual da mulher, ainda mais da mulher plena.

As 13 partes de Osíris recuperadas nos indicam o arcano 13, a morte do Tarot. A 14ª parte indica, se recuperada, a possibilidade de uma transição para uma era de regeneração, 14 é o número do Tarot para a Temperança, que tem óbvias semelhanças com Aquário, signo da nova era, regido por Urano, regente no corpo humano das glândulas sexuais, onde está a força do espírito, a força feminina e regeneradora, a Energia Criadora, Shakti, Kundalini, Néftis, a Ísis velada e oculta em nosso corpo. No arcano 14 do Tarot vemos um anjo hermafrodita, símbolo da harmonia e da reconciliação do feminino e do masculino.
Assim cada homem é um Osíris assassinado que pode recuperar-se ao juntar em si o poder de Seth, sexualidade e o poder de Osíris, o espírito, por intermédio do feminino: Néftis como o poder oculto de Kundalini e Ísis como esse mesmo poder revelado e restaurado em nosso corpo, a serpente expressa pelo terceiro-olho dos iniciados egípicios.
Para tal Osíris – o homem - e Ísis – a mulher - devem celebrar o casamento mágico e alquímico.

obs: texto em construção - F.A.
in pistas do caminho
http://pistasdocaminho.blogspot.com/
*
Agradeço a F.A. a sua lucidez e consciência e espero que ele não se importe que publique o seu texto em construção na íntegra. Mulheres E Deusas abençoa os homens lúcidos e que percorrem o Caminho de retorno à origem sagrada!
rlp

segunda-feira, junho 14, 2010

A TERRA AMADA, MÃE ADORADA


O EGIPTO

“Este grande país inventou tudo, desde o nome dos deuses deuses imortais, à escultura, à arte de governar, e agora chafurda na lama das margens do rio que lhe dá vida.
Outrora a maior nação da Terra, é agora uma apenas entre muitas.
(…)
Desde que os Egípcios destronaram a grande Mãe Ísis, a Mãe Suprema, a Deusa de que todos os seres surgiram, perderam o poder e desceram até ao nível das outras nações. Todos os países entram em decadência, quando destronam as suas deusas – este é um segredo que vós, Safo, deveis compreender.”

in Os Amores de Safo
de Erica Jong

quarta-feira, maio 05, 2010

MAAT DEUSA DA VERDADE E DA JUSTIÇA


MAAT, UM CONCEITO ÉTICO DE VIDA

"Faze justiça enquanto durares sobre a Terra"

Todas as religiões têm um conteúdo moral ao lado dos objetos de culto e a moral básica dos egípcios tinha o nome de MAAT. Ela foi criada antes do mundo e através dela o mundo foi criado. É quase impossível traduzir a palavra com exactidão, mas ela envolvia uma combinação de idéias como "ordem", "verdade", "justiça" e "rectidão". Considerava-se Maat uma qualidade não dos homens, mas do mundo, infundida neste pelos deuses no momento da Criação. Assim sendo, representava a vontade dos deuses. A pessoa se esforçava para agir de acordo com a vontade divina porque essa era a única maneira de ficar em harmonia com os deuses. Para o camponês egípcio, Maat significava trabalho árduo e honesto, já para o funcionário, significava agir com justiça.

Durante as amargas dificuldades e a desilusão que flagelaram o Primeiro Período Intermediário, surgiu por instante a idéia que Maat não era apenas uma qualidade passiva inerente ao mundo, mas que os súditos do rei-deus tinham o direito de esperar que fosse praticada. Isso representava um passo para o desenvolvimento de um conceito de justiça social. Portanto, é mais importante "conservar Maat" (isto é, obedecer a lei) do que adorá-la. A própria Maat dá assistência nessa tarefa guiando, instruindo e inspirando os egípcios e após a morte ela é o princípio pela qual eles são julgados. Ela é a personificação da sabedoria! No período helênico, os atributos de Maat foram absorvidos por Ísis. Maat era portanto, a Deusa da Justiça e da Verdade, ligada ao equilíbrio (Libra) necessário para a convivência pacífica entre todos os seres."

segunda-feira, maio 03, 2010

AS DUAS FACES DA MULHER


N.C. Na Deusa Selvagem 2 você conta uma experiência que teve num templo no Egipto, onde sentiu as contracções de um parto. Experiências dessa natureza são igualmente de júbilo?

- Completamente. Eu estava em viagem no Nilo. Estava a visitar o templo de Denderah, mais precisamente na cripta do templo de Ísis-Hathor. Em frente a um muro, mergulhada na obscuridade eu senti, é verdade, violentas contracções de parto. Eu voltei-me para a parede, com os olhos fechados e vi interiormente os cornos de Hathor, o seu disco vermelho, com o sentimento de estar a ser arrastada numa dança de electrões. Depois destas duas experiências, tomei conhecimento que os hieróglifos de um lado da parede figuravam um texto sobre o nascimento físico, e do outro lado um texto sobre o nascimento espiritual. Só as mulheres podem viver estas sensações. Talvez porque elas por definição são mais abertas e prontas a aceitar deixarem-se tomar por forças, energias que as ultrapassam.

Joelle de Gravelaine

segunda-feira, abril 12, 2010

MEMÓRIAS...






A Ideia deste Blogue e a sua manutenção passa exclusivamente pela recolha de textos relacionados com o Egipto e as suas Deusas. Inicialmente pensei que seria mais fácil para mim evocar memórias e trazer aqui poemas e excertos que evocassem o espírito vivo e a beleza que eu sinto e sei que era apanágio dessas vivências que guardo no mais fundo de mim mesma. Elas são de tal forma sagradas que tenho dificuldade em trazê-las à superfície.


Ontem falando com uma amiga a propósito da minha viagem ao Egipto disse-lhe e constatei que a experiência mais significativa de acesso a outros planos e elevação do meu ser se passou diante da Grande Pirâmide no momento em que comecei a caminhar na sua direcção.

Caminhei para lá do tempo e do espaço muito acima deste plano...


Tenho a certeza absoluta que fui elevada a um estado de consciência raro e que todo o meu ser se elevou muito acima do tempo e do espaço e a minha alma saiu desta dimensão para um nível que eu presumo seja a eternidade...


Gostaria de um dia voltar lá...porque o ar que aí respirava era outro e a sensação de infinito à minha volta era indescritível... Como se eu tivesse de ter uma Pátria, digo uma Matria eleita sem dúvida que seria o Egipto Sagrado, o mais certo no Templo de Ísis...onde fui sacerdotisa...


Portanto, manter este nível de consciência e exigência de experiência e qualidade é muito difícil e é por essa razão que venho aqui tão pouco...mas agradeço as amigas e amigos que por acaso aqui passem...e se mantém fiéis a este espaço.

R.LEONOR PEDRO

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

A ENERGIA DA DEUSA QUE DESCE SOBRE A TERRA




ORAÇÃO A HATHOR


"Ó vós que estais nas margens do céu ocidental,
que vos alegrais em ir ao encontro de Hathor
e desejais ver a epifania da sua beleza!

Eu dou a conhecer a sua essência,
e digo diante dela o quanto me alegro com a sua visão.

Meus braços fazem o gesto certo:

Vem a mim, vem a mim!

Meu corpo fala e meus lábios repercutem a música das sacerdotisas de Hathor,
a música de
centenas de milhar e milhões de sons.

Eu sou quem faz com que o cantor da manhã inspire música diariamente
para Hathor, a todas as horas em que deseje
para que o teu coração se alegre com a sua música"
.

(autor desconhecido)


sábado, fevereiro 13, 2010

A DEUSA MAAT



UM CAMINHO PARA DESCOBRIR-SE


Quem sou? Para onde eu vou? O que há depois? ...e uma infinidade de perguntas semelhantes a estas povoam a mente do ser humano. Entretanto, somente poucos se dedicam em encontrar alguma resposta.


Você não precisa ser um "exper" cabalista, um consumado astrólogo ou um intrépido alquimista para conhecer as verdades que residem em seu interior. Temos sim, é que aproveitar o esforço e o conhecimento que nossos ancestrais nos deixaram como herança. Estamos imersos em Maat, a Corrente da Verdade e do Equilíbrio, onde todos os seres da Criação devem sentar em seu trono. De onde o homem e a mulher, a natureza e a humanidade, podem conviver com respeito mútuo.


MAS QUEM É MAAT?


Maat é a personificação da Verdade, da Justiça e da Harmonia Universal. Ela é a potência, o princípio metafísico, que mantém o mundo na sua regrada continuidade. O Cosmos, a Natureza, e a Sociedade, no fundo, a Ordem Universal, só se mantêm de forma duradoura exatamente pelo seu atento zelo. Representada como uma mulher, de pé, sentada ou com um dos joelhos em terra, apresenta, fixada em uma fita da sua cabeleira, uma pluma de avestruz, que é o seu principal signo identificador. Em muitas representações, a simples figuração da pluma simboliza a sua presença e atuação. É irmã de Rá, o Deus-Sol e esposa de Thoth, o escriba dos deuses com cabeça de ibis. Maat é equivalente à Têmis grega e, como esta, é explicitamente a representação divina da lei e da ordem cósmicas naturais. Como ordem cósmica, Maat é o alimento do Deus-Sol Rá; é também "o olho de Rá" e o Ka de Rá. Segundo as crenças egípcias, o corpo do homem se compunha de dois elementos espirituais, o Ba, similar a alam e o Ka, uma espécie de réplica do corpo. A morte representava a separação do elemento corporal dos espirituais. Entretanto, Ka não poderia sobreviver sem a presença do corpo, foi daí que se desenvolveram técnicas precisas de conservação, conhecidas com embalsamento. O processo de mumificação tinha como objetivo a manutenção do corpo para própria existência de Ka.


Maat é a Senhora do Céu, Rainha da Terra e amante do Mundo Inferior. O grande inimigo de Maat era Seth, a versão egípcia do Ares grego, Deus da desordem crassa, da injustiça e da ambição.


O PALÁCIO DAS DUAS VERDADES


A atividade crucial de Maat ocorria no Palácio das Duas Verdades (Maati), onde os mortos iam para o julgamento final. Primeiro, o falecido deveria proferir uma “confissão negativa” declarando que não cometera pecados ou más ações. Verificava-se então se estava sendo honesto a cada um dos 42 itens confessados. Depois seu coração era colocado em um prato de balança, enquanto no outro estava uma pena de avestruz simbolizando Maat (a verdade). Por vezes era, ela mesma, a balança. Não se sabe com clareza de que forma o coração era pesado para que a alma do morto fosse considerada justa. Sabe-se somente, que se o coração tivesse o peso certo em contraste com o peso de Maat, a pessoa estava justificada.


O coração, portanto, é considerado a "voz" e somente ele dirá para onde deverá ser destinado. Caso não o tenha, a pessoa é lançada a um monstro híbrido temível composto de partes de crocodilo, leão e hipopótamo chamado Ammut, comedor de mortos.


Para os egípcios, o coração não era tão somente um órgão vital do corpo, mas era também a consciência, ou o centro do pensamento. Ele representava a voz de Maat no ser humano, a voz oracular da Ordem Cósmica que rasga o véu e penetra no mundo humano. Entretanto, por essa razão, as palavras do coração tornaram-se um problema para os egípcios, pois ele testemunhava no Palácio das Duas Verdades contra a pessoa. Essa crença era tão forte, que existia até uma prece especial, dirigida ao coração, que era inscrita em um amuleto em forma de escaravelho e depositada no local do coração durante o ritual de embalsamento. Tal prece suplicava que o coração não se levantasse "como testemunha contra mim".


Para os antigos egípcios, o porta-voz oracular da lei da natureza, localizado no próprio corpo do indivíduo, estava muito mais próximo da consciência ordinária do que consideravam os gregos, para quem Gaia e Têmis haviam sido forçadas a retira-se do Delfos e a permanecer nos mundos inferiores, enviando de lá mensagens através dos sonhos. Muito embora Maat falava em nome da ordem cósmica, ela também é "o olho de Rá" e os filhos de Rá sentavam-se nos tronos dos faraós. Deste modo, a lei e a justiça estavam unidas, e os árbitros da ordem natural e da ordem social eram um só, unidos em Maat e no faraó. Por intermédio do oráculo da Deusa, o coração, as leis e os costumes da vida social eram confirmados por uma intuição mais profunda de justiça e integrados nesse nível.


MAAT E O FARAÓ


Algumas vezes, Maat era representada infundindo o hálito da vida nos faraós. Para tanto, suspendia um ankh contra o seu nariz. Hator e outros deuses e deusas também se representavam da mesma maneira, porém só Maat infundia o alento da vida sobre o começo de todas as coisas. Como princípio divino e como divindade do Equilíbrio Cósmico, Maat era uma força permanente ao lado do faraó aprovado e escolhido pelos deuses. Em última instância, o funcionamento regular e a própria existência e continuidade do faraonato como instituição fulcral da vida egípcia dependiam da atuação de Maat. Em complemento, a função real devia estar conforme aos desígnios universais que a própria Deusa perseguia, ou seja, a promoção e a manutenção da fecundidade, da prosperidade, da solidariedade e da abastança das Duas Terras, sob todos os aspectos.


O faraó devia honrar a Justiça, a Eqüidade, a Verdade, a Retidão, isto é, a Deusa Maat. Sentado em seu trono, o faraó trazia em sua mão uma figura da Deusa, diminuta como uma boneca, também sentada, que se oferecia aos deuses como sinal de que o rei representava a ordem divina que não havia sido perturbada desde o dia de sua criação. De forma similar, os juízes levavam sobre o peito um emblema lapis-lázuli que representava Maat. Assim, a ordem social era um reflexo da ordem divina e o governo de cada dia representava o tempo primordial em que Rá, o Sol, pôs a ordem (Maat) em lugar do caos. Nessa linha de idéias, é compreensível que uma representação recorrente no âmbito da ideologia e da iconografia real seja a oferta de uma estatueta da Deusa Maat feita pelo faraó aos deuses. O rei assume e compromete-se perante as divindades mais elevadas do panteão a zelar maaticamente pela marcha harmoniosa do país, pelo estabelecimento e funcionamento da Justiça, da Paz, do Equilíbrio e da Solidariedade, nas suas vertentes social, ética e cósmica. "A oferenda de Maat" resume-se, portanto, numa imagem carregada de significado: é o símbolo máximo da atividade litúrgica, que consiste, no fundo, numa sólida relação interativa entre o oficiante e o oficiado. A esfera humana, terrestre, reconhecendo a fragilidade da sua posição no Cosmos, louva e honra os deuses, a esfera divina, deles guardando, em resposta, a proteção, o auxílio, a benção.


A Deusa Maat é, assim, a medida de toda a conduta humana. Sem ter culto local específico, ocupava um papel fundamental na vida dos egípcios. Além da oferenda da efígie da Deusa perante divindades maiores, conscientes da importância significativa da relação com a Deusa Maat, muitos faraós, de vários períodos históricos, incorporaram nos seus nomes a nomenclatura da Deusa. A este propósito são de citar os casos de Amenemhat III, da Xii dinastia, cujo nome de coroação era Nimaetré, ou seja, "Aquele que pertence à Maat/Justiça de Rá" Na XVIII dinastia, faraós como Hatchepsut (nome de coroação: Maetkaré, "A Maat/Justiça é o ka de Rá) e Amenhotep III (nome de coroação: Nebmaetré, "Rá é o senhor de Maat/Justiça") levaram também em consideração este importante vetor na proclamação das suas titulaturas. Entretanto, muitos outros faraós seguintes denotam este reconhecimento pela ação conjugada que deviam assegurar com a Deusa Maat: Seti I e Ramsés XI (nomes de coroação: Menmaetré, "Estável é a Maat/Justiça de Rá); os Ramsés II, III, V, VII e VIII, que escolheram todos como uma das designações dos seus nomes de coroação Usermaetré, ou seja, "Poderosa é a Maat/Justiça de Rá); Merenptah usava um pujante Hotephermaet, "Aquele que está repleto de Maat/ Justiça" como epíteto associado ao seu nome de nascimento; Ramsés IV preferiu para nome de coroação Hekamaetré, "Soberano de Maat/Justiça como Rá", enquanto que Ramsés VI (como Amenemhat III) optou por Nebmaetré "Rá é o senhor de Maat/Justiça". Também no Terceiro Período Intermediário, faraós das XXII e XXIII dinastias continuaram a utilizar o mesmo processo (Takelot I, Osorkon II, Chechonk II, Petubastis I, Chechonk III). Até no Período Ptolomaico a tendência se verifica: Ptolomeu VI tinha como nome de coroação Irmaetenimenré, "Aquele que faz reinar a Maat/ Justiça de Amon-Rá); os Ptolomeus VII e XII usavam como nome de coroação Irmaet "Aquele que faz reinar a Maat/Justiça"; Ptolomeu XV (o filho de Cleópatra VII e de Júlio Cesar) não se fez de rogado e adotou como nome de coroação Irmaetenré, proclamando-se assim como "Aquele que faz reinar a Maat/ Justiça de Rá). Todos esses faraós "amados e amantes de Maat" a viam como uma autoridade suprema, cujo comportamento modelo tentavam, pelo menos ideológica e propagandisticamente, capitalizar na sua onomástica. O próprio faraó "herético" Akhenaton foi descrito como vivendo "de acordo com Maat". Além disso, a maioria dos faraós que usaram o nome da Deusa (designadamente a partir de Ramsés VI) reinavam em períodos de esfacelamento e de decadência da própria civilização faraônica, até da própria instituição real, o que reforça ainda mais a importância e o significado político-mental que efetivamente a Deusa Maat detinha no seio da sociedade e da cultura egípcia.


A DEUSA COMO UM IDEAL A SER ALCANÇADO


Atum (deus supremo) disse: "Quando os céus dormiam eu vivia com minha filha Maat, uma em mim, a outra ao meu redor", revelando o significado da "Dupla Maat": em um nível, a união do sul com o norte (alto e baixo Egito) e, em outro, a união da consciência individual e a consciência cósmica ou universal, para que se crie a harmonia. Schwaller de Lubicz escreve a respeito:


"O princípio da harmonia é uma lei cósmica, a voz de Deus. Seja qual seja a desordem que o homem ou os acidentes naturais fortuitos possam provocar, a natureza, por si só, voltará à colocá-la em ordem através das afinidades (a consciência que habita em todas as coisas). A harmonia é a lei a priori escrita em toda a natureza: se impõe a nossa inteligência, porém em si mesma resulta incompreensível."


Portanto, Maat era a Deusa através da qual se faziam visíveis as leis fundamentais do universo. Encarna a verdade, a ordem justa, a legalidade e a justiça. Em certo sentido não está separada dos outros deuses e deusas, senão que, como divindade, é o princípio que nos leva à chegar em todos eles. A Deusa como estado de existência parece abstrair-se da figura da própria Deusa; o que ocorre realmente é que esta distinção (entre Deusa e a idéia) não existem para os egípcios, como tampouco a distinção entre ética e metafísica, nem na vida, nem na morte. Como se vê, os deuses egípcios não eram pessoas imortais para serem adoradas, mas sim ideais e qualidades para serem honradas e praticadas.


MAAT, UM CONCEITO ÉTICO DE VIDA


"Faze justiça enquanto durares sobre a Terra" Todas as religiões têm um conteúdo moral ao lado dos objetos de culto e a moral básica dos egípcios tinha o nome de MAAT. Ela foi criada antes do mundo e através dela o mundo foi criado. É quase impossível traduzir a palavra com exatidão, mas ela envolvia uma combinação de idéias como "ordem", "verdade", "justiça" e "retidão". Considerava-se Maat uma qualidade não dos homens, mas do mundo, infundida neste pelos deuses no momento da Criação. Assim sendo, representava a vontade dos deuses. A pessoa se esforçava para agir de acordo com a vontade divina porque essa era a única maneira de ficar em harmonia com os deuses. Para o camponês egípcio, Maat significava trabalho árduo e honesto, já para o funcionário, significava agir com justiça.


Durante as amargas dificuldades e a desilusão que flagelaram o Primeiro Período Intermediário, surgiu por instante a idéia que Maat não era apenas uma qualidade passiva inerente ao mundo, mas que os súditos do rei-deus tinham o direito de esperar que fosse praticada. Isso representava um passo para o desenvolvimento de um conceito de justiça social. Portanto, é mais importante "conservar Maat" (isto é, obedecer a lei) do que adorá-la. A própria Maat dá assistência nessa tarefa guiando, instruindo e inspirando os egípcios e após a morte ela é o princípio pela qual eles são julgados. Ela é a personificação da sabedoria! No período helênico, os atributos de Maat foram absorvidos por Ísis. Maat era portanto, a Deusa da Justiça e da Verdade, ligada ao equilíbrio (Libra) necessário para a convivência pacífica entre todos os seres.


Maat rege o primeiro signo social do zodíaco egípcio. . Era filha de Rá, o Sol, e de um passarinho que, apaixonando-se pelo calor e pela luminosidade dos raios solares, subiu por eles até morrer queimado. No momento em que foi incinerado, uma pena voou pelos ares. Essa era a nossa Deusa Maat. Ela também foi a responsável pela união do Alto e do Baixo Egito, simbolizando com isso a força da união e os benefícios da justiça. Sem Maat, a criação divina, que é a Terra e seus habitantes, não poderia existir, pois tudo se afundaria no caos inicial. Maat toca todos os aspectos da vida: independência, situações familiares, amor, ódio, temor, enfermidade, morte, eternidade, solidão, propósito e eleições. Não há situação que não possa ser enquadrada no esquema da verdade.


A JUSTIÇA


Não se trata aqui da justiça dos homens, até porque esta justiça não está com seus olhos vendados, mas atenta para preservar a ordem social. A vida é sempre justa em relação a ela mesma. Não vacila. Atua de tal modo que tudo que provém dela a ela retorna. Nada se perde, tudo se regenera, se renova e se transforma. É este o sentido do número 8 deste arcano, o do equilíbrio cósmico, da ressurreição e da transfiguração. A Justiça nos permite tomar consciência de que, sem limites definidos, nada pode sobreviver ou subsistir no mundo. E a balança de Maat o que aqui significa? Ela pesa o bem e o mal, os prós e os contras, as vantagens e desvantagens, mede, calibra e julga.


Maat representa além do equilíbrio, a harmonia do Universo primordial. Tal equilíbrio necessita dessa Deusa que personifica a justiça. Maat nos lembra que "o que fizermos aos outros, a nós será feito". É Maat, que protege os advogados e os tribunais.


Maat chega com sua pena da verdade para trazer justiça à sua vida. Você já foi injustiçada(o)? Tem usado sua integridade para com os outros? Tem sido honesta(o), ou faz justiça com as próprias mãos? Tem mania de ficar julgar todo mundo? Pois saiba que o julgamento é o fracasso da compreensão, não somos deuses para julgar ninguém. Talvez seus padrões sejam tão rígidos que você ache impossível atendê-los e se sente continuamente obrigada(o) a rebelar-se? Pois está na hora de você promover seu equilíbrio interior e interagir harmoniosamente com o universo. Maat vem lhe dizer que o caminho da totalidade só será conseguido se você aceitar a natureza amorosa da justiça que busca corrigir todos os erros ao dar as lições necessárias.

(...)

Enviado por Ninnan


NOTA - Este texto foi-me deixado nos comentários sem origem do artigo nem o nome do autor. O que lamento, pois trata-se de um texto muito importante bem escrito. Gostaria por isso de fazer justiça ao autor...

A Pena de Maat


«A civilização faraónica conferiu à mulher do Antigo Egipto um estatuto excepcional, que as sociedades modernas nem sempre conseguiram igualar. Em todos os domínios, do espiritual ao material, a mulher era considerada igual ao homem. Tinha a liberdade de se casar com o homem que escolhesse, de se divorciar com direito a uma pensão, de legar e de herdar. Podia ser chefe de empresa, especialista em finanças, proprietária de terras, administradora de bens ou consagrar-se aos mistérios divinos nos templos e santuários. (...)
As Egípcias são um retrato fascinante e surpreendente de uma das sociedades que mais apelam ao imaginário do nosso mundo moderno»


Christian Jacq

A Civilização faraónica não "conferiu" à mulher um estatuto excepcional que ela por condição não o tivesse já ou, como nós poderíamos achar hoje em dia, a título de favor, uma espécie de paridade política, mas respeitou apenas e correspondeu à necessidade de Equilíbrio dos dois princípios, o pólo feminino e o pólo masculino, que os egípcios sabiam ser a condição indispensável para o equilíbrio do ser humano e da manifestação do amor e da paz... até um dado momento histórico em que tudo se perverteu.

Mas enquanto a Mulher esteve no papel que lhe correspondia naturalmente e na própria representação das suas Deusas, e a energia viva de Hathor como Deusa suprema do amor, o Egipto foi uma civilização diferente e pacífica porque sábia. E sem dúvida que esse facto se devia à harmonia e integração das forças opostas e complementares do princípio feminino e masculino. Os egípcios alcançavam a maitrise do Ser através da Deusa Maat, a Deusa da Justiça e da Verdade que pesava o coração dos vivos e dos mortos...Se estes não fossem puros ou tão leves como uma pena, não viveriam na eternidade.

Quando da sua queda depois das sucessivas invasões bárbaras de domínio exclusivamente patriarcais, e as suas influências se afirmaram, começaram a minar até à destruição essa Estrutura Sagrada que eram os Templos e que fez do Egipto talvez a civilização mais evoluída do Planeta. A partir dessa altura, como em geral por toda a terra nessa época, esse estatuto e dignidade das mulheres foi-lhes confiscado e as mulheres começam a ser meros objectos de prazer, prostituídas, concubinas, meras procriadoras ou escravas .

R.L.P.

VIAGEM AO EGIPTO - 2008

sábado, novembro 21, 2009


Das Bruxas à Psicologia


Sonhos de unidade, visão transcendente de inteireza, potência e amor, outrora representados pela Grande Mãe.
No Egipto, os Mistérios de Ísis, eram celebrados a partir de um ritual matutino e a cada hora uma celebração que só terminava na vigésima Quarta hora com a revelação dos mistérios quando as estrelas brilhavam no céu. A Grande Deusa era invocada e os segredos da vida revigorados, cultuados..
(...)

O conflito entre os deuses patriarcais e a deusa mãe foi se intensificando e os cultos à ela foram se dispersando ou sendo assimilados distorcidamente. Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo, do abandono aos poderes da natureza; Pã, expressão do espírito da natureza selvagem; Afrodite, deusa do amor, da união sexual, mãe de Eros; tornaram-se objectos da repressão cristã e reapareceram mesclados na imagem do diabo. Suas funções psicológicas submergiram nas profundezas do inconsciente. E a sensação intrínseca de confiança em pertencer à Grande Mãe Natureza deixou de existir reaparecendo séculos após nos sintomas das histéricas de Freud . Corpo, sexualidade e inconsciente/natureza emergem da escuridão para serem reintegrados. E neste fim de milénio as depressões que afligem a alma humana clamam pela busca de sentido, valor principal do arquétipo maior. Mergulhada na morte, a alma contesta os valores esquecidos, exige reflexão em redescobrir os mistérios femininos ligados ao ciclo vida – morte – vida e encaminha para a elaboração da morte simbólica. Faz repensar a questão espiritual, o ser criativo recriando-se, regenerando-se, curando-se dos excessos de violência e agressividade a que a humanidade se submeteu em prol do desenvolvimento da razão.

(...)
Na medida em que o Pátrio Poder se desenvolve e a lei do mais forte se instala, o uso da agressão se impõe nas relações humanas gerando competitividade, poder, conquista, luta pela posse de um território, guerras. Surge a questão da herança, institui-se o casamento. E a posse sobre a mulher, sua sexualidade, prazer e direito à própria vida se concretiza. Ao dominar a função biológica reprodutora o homem passa a controlar a sexualidade feminina. O poder cultural passa a desenvolver-se em oposição ao poder biológico nato na mulher. A vulnerabilidade permeia a função de parir, a mulher se inferioriza, torna-se dependente e o homem trabalha e domina a natureza.(...)

Usado no culto à Grande Senhora da Lua, O Graal continha a água do poço sagrado e num coro ritualístico as sacerdotisas faziam reflectir a luz da lua na limpidez da água e celebravam a natureza, a vida e os ciclos eternos, o ir e o vir.
(...)

O mal precisa ser elevado à consciência, pessoal e colectiva, para tornar-se fonte de criatividade.
A feiticeira, que é a antítese da mulher idealizada, símbolo das energias criadoras instituais, não domesticadas e não disciplinadas precisa ser ouvida. A integração desta sombra traz de volta a mulher selvagem, que segue seu instinto de preservação, que possui sua energia vital, sexual, que fareja o perigo, que intui a cura e sabe o que a alma está pedindo, que sabe aplacar o sofrimento e pode transmitir o dom da vida.

Esta integridade faz a ponte para a transcendência. É a mulher novamente apresentando-se como agente de mudança para uma nova etapa no desenvolvimento da consciência humana."


Das Bruxas à Psicologia
Clara Rossana Ferraro de Sá
(Excertos de artigo)

quinta-feira, setembro 10, 2009

filhas de ísis

A DEUSA E OS CÓDIGOS DO GRAAL
Por Jonette Crowley
Publicado em 30 de julho de 2009


Uma das coisas mais importantes que podemos fazer pelo nosso crescimento espiritual é preparar os nossos corpos físicos para conter mais luz e poder. Os cientistas mapearam o nosso genoma, e perceberam que ele compreende a função de somente cerca de 10% do nosso DNA. Os outros 90% eles não compreendem sob qualquer condição, algumas vezes o chamando de "refugo" (lixo). Eu acredito que em alguma época, nós humanos, fomos seres bem desenvolvidos de luz, usando todo o nosso DNA. Mas com o decorrer dos eons, nós perdemos as nossas dádivas. Nossa luz e o nosso poder diminuíram. As partes não usadas de nosso DNA, atrofiaram.

Este artigo lhes é dado como um presente. Leiam as palavras da Deusa Ashtatara lenta e deliberadamente, pretendendo que o seu DNA se torne reativado. Agora é o momento de despertar o seu DNA, de modo que possamos novamente ser instrumentos de luz - o Santo Graal! Vocês podem não sentir nada, mas confiem no processo. Curtam o despertar!

Em Maio de 2007, eu fui orientada a conduzir um grupo de peregrinos espirituais às ilhas de Malta, no Mediterrâneo. Uma de nossas missões espirituais era ativar o elemento do ar ou do vento. Grupos diferentes de nós já tinham ativado os elementos da terra, do fogo e da água em lugares de poder ao redor do globo.

A segunda missão que me foi dada pelo meu guia espiritual Águia Branca era "Despertar os Códigos do Graal."

"O O que são os Códigos do Graal?" eu perguntei à Águia Branca, sem ter idéia do que ele estava falando.

"Os Códigos do Graal é a outra metade do Disco Solar que vocês descobriram no Peru. Juntos eles formam uma nova base para a consciência humana que está parcialmente entre o estado atual e o estado da iluminação", respondeu Águia Branca.

As três ilhas minúsculas de Malta tem sido o lar para os primeiros construtores de templos, os Fenícios, os Gregos, os Romanos, os piratas, Turcos e Árabes. St. Paul naufragou em suas praias, e os Cavaleiros das Cruzadas de St. John, estabelecidos lá. Os imensos templos pré-históricos de Malta são mais antigos do que Stonehenge ou as pirâmides do Egito. Este é um espaço sagrado, onde a Deusa tem sido adorada desde os tempos antigos.

Malta é considerada por alguns como o local do centro administrativo da Atlântida. Os templos de arenito de cor mel eram antigos na época do Egito. Os locais dos templos ao redor das ilhas e submersos no mar próximo, indicavam que os construtores tinham um conhecimento hábil de astronomia, e compreendiam os fenômenos complexos da precessão dos equinócios. Nós soubemos que os lingüistas tinham finalmente decifrado um pensamento do idioma pré-Sânscrito como sendo do período da Atlântida. Alguns dos textos contavam a história de uma deusa, a Rainha da Atlântida, que foi enterrada naquelas ilhas. Seu nome - Ashtatara.

Uma pequena estátua de pedra, freqüentemente chamada de "a deusa adormecida", encontrada na parte subterrânea do templo, conhecido como o Hipogeu, chamou a nossa atenção. Ela tinha algo a ver com os Códigos adormecidos do Graal? Despertaríamos a Deusa? Todos nós imaginávamos como e onde se revelaria a nossa missão de ativar os Códigos do Graal.

Surpreendentemente, ocorreu o despertar, não em um templo açoitado pelo vento, mas na sala de reuniões de um hotel nas praias da Baía de St. Paul. Eu tinha terminado de canalizar Águia Branca para o nosso grupo. Mas ao invés de sair do meu leve transe normal, o meu transe aumentou mais ainda. Minha cabeça tombou para trás. Sons guturais saíram da minha boca. Parecia que a minha consciência estava em algum lugar muito profundo, e eu estava subindo pela própria terra densa. Uma parte minha estava aterrorizada, porque eu nunca vivenciara um estado tão remoto. Outra parte confiava que tudo ficaria bem. Eu podia ouvir as pessoas falando comigo, mas eu estava muito distante para responder. Eu não sentia tal poder desde a primeira vez que eu fui conduzida através do meu guia Mark.

Após alguns minutos de conflito eu falei, trazendo a energia e as palavras da Deusa. Todos os que estavam presentes podiam sentir a imensa presença e a compaixão que preencheu a sala. Foi emocionante e extraordinário. Ela falou com autoridade imponente:


A Deusa:

Eu sou Aquela que foi chamada.

Eu falo com grande dificuldade

pois as distâncias são muito grandes

e o esquecimento muito intenso.

Eu vim porque vocês me chamaram.

Eu vim para levá-los para casa.

Eu vim para levá-los aqui para casa.

O mundo não é como vocês pensam.

Vocês não podem conceber este mundo.

Eu tenho muito a dizer, mas talvez eu fale melhor sem as palavras.

Eu levo comigo... um campo de despertar que não requer palavras.

Tudo que vocês acham que sabem sobre o nosso povo está errado

e isto não os ajuda se vocês o esclarecerem.

Esta terra é preciosa desmedidamente.

O graal que vocês buscam não pode ser compreendido,

mas conhecido somente através do seu coração.

Os códigos do graal estão em vocês... adormecidos em vocês.

E vocês me chamaram para despertá-los.

Isto começou.

O despertar dos códigos começou.

Vocês não os sentirão.

Vocês não os verão.

Vocês não podem estudá-los.

Somente o seu coração os conhece.

Eu tenho sido protegida pelos dragões por aproximadamente 18.000 anos.

Eles agora são liberados.

Os portais para o meu mundo estão abertos.

Permaneçam com todo o seu poder e recebam.

PERMANEÇAM com todo o seu poder.

Eu sou Aquela que despertou.

Vocês são aqueles que despertaram.

Eu os despeço agora.


Aqueles que estavam na sala, permaneceram. Muitos sentiram mudanças celulares. Alguns nada sentiram sob qualquer condição. Mas todos permaneceram em silêncio, no conhecimento da grandiosidade do que tinha acontecido.

Nos nossos oito dias restantes em Malta, o nosso grupo visitou templos, igrejas e locais históricos. Nós fizemos cerimônias e meditações. Mas nada se igualou à transformação rápida e silenciosa que sabíamos ser o despertar dos Códigos do Graal... dentro de nós.

Eu estava ansiosa para difundir esta ativação com outros, que não tinham sido afortunados em estarem conosco em Malta. Assim, eu organizei um evento especial no mês seguinte para o solstício do verão. Meu objetivo era novamente invocar a Deusa, que agora conhecíamos como Ashtatara. Quarenta pessoas se sentaram em suas cadeiras, esperando pelas palavras desta Deusa Atlante. Novamente, o seu poder e a sua força foram palpáveis enquanto eu transmitia as suas palavras:


ASH-TA-TARA
EU SOU AQUELA QUE DESPERTA!

Através da escuridão fria, eu esperei que o sol surgisse novamente

para os meus irmãos e irmãs humanos.

É passado o tempo.

Cada um de vocês mantém segredos trancados e codificados

dentro da sua consciência e do seu corpo - fechados e trancados

para o seu próprio bem.

Quando a escuridão aconteceu à humanidade, grande parte do poder foi removido,

As chaves guardadas rigorosamente.

As chaves estão onde vocês nunca olham; dentro de si mesmos.

Meu nome é ASHTATARA.

Significa mãe do mundo.

Eu sou uma deusa e sou um humano,

de uma raça que lembra que vocês são deuses e deusas também.

Uma vez que as portas comecem a se abrir, o crescimento se move muito rapidamente.

Uma vez que as portas estejam abertas, não há como fechá-las.

VOCÊS ESTÃO PREPARADOS?
A seqüência da ativação é dada em silêncio a um nível de consciência que mal está desperto em vocês.

Eu mudarei agora para uma iniciação de silêncio.

Eu falarei novamente quando ela estiver concluída.

(Silêncio por aproximadamente 15 minutos.)

Ao criar a possibilidade de um você muito maior e uma unidade muito mais completa, recebam o Amor do campo

de um modo que transforme tudo que vocês têm sido até agora -

Um amor bem além do amor emocional;

Um Amor que é a respiração de Deus.

Recebam agora, profundamente em suas células de Luz recém despertas.

Sejam santificados Amados.

Sejam santificados permanentemente agora.

Vocês agora mantêm os códigos do despertar.

Vocês não precisam mais de mim.

Eu os deixo agora, NÃO ME CHAMEM NOVAMENTE!


Novamente, nós nos sentamos em silêncio. Sabendo que uma profunda mudança tinha acontecido dentro de nós, e felizmente, através de nós para o resto da humanidade. Como Ashtatara falou, foi-me mostrado um símbolo. Ele me pareceu familiar, entretanto, eu estava insegura de onde o tinha visto. Uma busca na Internet mostrou que ele era um antigo símbolo Egípcio - a coroa de Ísis. Algumas vezes também visto em Hórus e Hathor.

Foi então que eu compreendi que ela estava me mostrando o verdadeiro significado por trás da coroa de Ísis. É a fusão do Disco Solar - ou o nosso componente de luz/espiritual, com o nosso instrumento físico - o Graal. A ativação que recebemos em silêncio era o despertar de nosso DNA adormecido. O Graal nunca foi apenas o cálice de Jesus da última ceia, ou até a linha de sangue de Jesus através de Maria Madalena. Nós somos o Graal! O que está acontecendo agora é a fusão de nossa humanidade com a nossa divindade. Os Códigos do Graal é o nosso DNA sem uso!

Uma vez que a ativação nos é dada, ela se difunde por toda a matriz humana, capacitando-nos a nos tornarmos seres de luz - humanos Crísticos. O trabalho de Ashtatara está realizado. Ela esperou por 18.000 anos pelo momento em que os humanos fossem guiados para ela e estivessem prontos para receber o seu segredo. Agora ele nos pertence, a cada um de nós.

Eu fiquei desapontada por Ashtatara ter liberado um aviso tão ríspido para não a chamarmos novamente. Uma parte minha tinha esperado ansiosamente pela possibilidade muito fascinante de canalizar Ashtatara, a Rainha da Atlântida. Mas não era para ser. Ela não era uma deusa para ser desobedecida.

Entretanto, ela veio mais uma vez... ao seu próprio convite. Eu não a chamei e fiquei surpreendida quando ela se apresentou. Eu estava fazendo uma leitura canalizada de Águia Branca para uma amiga nos Países Baixos. Minha amiga já tinha perguntado à Águia Branca sobre a forte conexão entre ela, eu e duas outras mulheres Holandesas. Nós quatro estávamos presentes em Malta quando Ashtatara veio. Quando a resposta começou a vir através de mim, nós pudemos dizer que a energia e as palavras não eram as de Águia Branca. As palavras eram poéticas. A energia era poderosa, entretanto, feminina. Nós tínhamos o gravador ligado.


Filhas de Ísis, filhas de Vênus,

Irmãs dos caminhos sagrados,

Mães dos tempos passados,

Descendentes dos tempos futuros.

Que mantêm os padrões para a perfeição,

Que confirmam a luz da sabedoria,

Abram o Cálice do Espírito Santo

Rompendo a escuridão na luz.

Tecelões de um padrão poderoso,

Vocês andam com o relâmpago em sua proteção,

Filhas de Ísis e de Vênus,

Um futuro magnífico é revelado.

Eu sou Ashtatara

proclamando no tempo,

a libertação da Deusa.

Trago comigo um padrão de transformação

descontínua do passado.

Estes tempos marcarão

um poderoso apoio da Deusa

em um grande círculo de corações.

Eu convido os humanos a desistirem

da visão do que vocês pensam que querem,

assim a visão das possibilidades podem ser ilimitadas.

A manter em seus corações a realidade

de uma descontínua transfiguração.

Este é um momento do Graal e da Deusa.

Shalom.


http://www.luzdegaia.org/outros/diversos/deusa_codigos.htm

(enviado por Gaia Lil)

segunda-feira, agosto 31, 2009

A DEUSA ANUKET


ANUKET A DEUSA ANDROGINA
ANUKET, DEUSA DAS CATARATAS DO NILO



"Anuket é uma Deusa muito antiga, que acredita-se ter sido importada da Núbia, considerada como sendo a personificação da fonte do rio Nilo, que nascia do seu ventre.

O Egito é "a dádiva do rio Nilo", sem ele, a terra teria sido infecunda. Foi o rio, que fez desde o início do Egito uma nação agrícola.Os egípcios não tinham necessidade de olhar ansiosamente para o céu à procura de chuva, pois todos anos no verão, o Nilo proporcionava a irrigação necessária. A cheia anual, que renovava a vida, nunca deixava de chegar quando o calor se aproximava, irrigando a terra dos faraós e fazendo do Egito uma das mais prósperas nações do mundo antigo e alimentando uma civilização que atravessou milênios de história.

O rio Nilo nasce no coração da África, no lago Vitória, e deságua no Mediterrâneo formando um grande delta. Em seu trajeto, corta todo o território egípcio no sentido sul-norte. Foi ao longo de seu percurso que floresceram as culturas agrícola-urbanas. Os egípcios reverenciavam o grande rio como uma divindade protetora e fertilizadora e, embora suas cheias destruíssem moradias e afogassem homens e animais, eram tidas como uma grande benção.

Anuket era conhecida também, pelos nomes: Anukis, Anqet, Anket, "Senhora da Núbia", "Senhora de Sehel" e "Senhora da Núbia". A Núbia tornou-se uma província do Egito no Novo Império. A Baixa Núbia situava-se entre Assuã e a segunda catarata. A Alta Núbia, estendia-se da segunda catarata às proximidades da quinta.

Como Deusa da água era Anuket (Aquela que Aperta), portanto, com seu abraço que durante a inundação fertilizava os campos. Assim como outras Deusas hermafroditas, acreditava-se que Anuket havia-se originado por si própria, por isso era representada, algumas vezes, com quatro braços, que representavam a união dos princípios masculinos e femininos.

Anuket era uma Deusa nutridora não só da terra, mas também do faraó. Foi retratada amamentando o jovem Ramsés II, transmitindo-lhe poder, saúde e muita alegria. Os egípcios antigos, a julgar pelas pinturas dos túmulos, era um povo muito alegre e o gosto pela vida não era limitado somente aos ricos. Até os humildes, foram mostrados pelos artistas, aparentando despreocupação e muito bom humor.

A Deusa Anuket, segundo alguns registros, foi a segunda esposa do Deus Khnemu (Deus lunar), possuindo morada especial na ilha de Seheil. Deu forma a uma tríade com Khenmu e Satis ( filha-mãe) e em épocas muito antigas foi identificada com Neftis. A tríade egípcia sempre era formada por um elemento feminino, um elemento masculino e um elemento formado pela união de ambos. Visualizamos na tríade a grande importância da família para o antigo egípcio.

Na ilha de Elefantina, Anuket forma outra tríade com Jnun (Deus cabeça-carneiro), um Deus local de Hípselis e Esna, cuja lenda conta que foi quem modelou o homem em sua olaria às margens do rio. Acompanhando-se encontramos a Deusa Satis(levava a coroa do Alto Egito), uma divindade da primeira catarata do Nilo que é representada adornada com chifre de antílope. Neste caso, Anuket cumpre a função de filha do casal formado por Jnun e Satis.

Só para esclarecer, a primeira catarata do Nilo é um dos seis afloramentos de granito que obstruíam o Nilo na Antiguidade e era também a tradicional fronteira meridional do Egito. O Egito estendia-se desde a quinta catarata do Nilo até o rio Eufrates, na Ásia Ocidental.

Anuket era ainda, uma Deusa da caça, cujo animal sagrado era a gazela e estava também associada a água. A ligação das Deusas da água com a gazela era provavelmente porque os egípcios sempre viam estes animais em torno da água.

Provavelmente, pelo status de Deusa da Fertilidade, Anuket, transformou-se em Deusa da Luxúria e foi relacionada com a natureza sexual. Seu símbolo, com estes atributos era vulva, usado em vários países como amuleto para a fertilidade, renascimento, cura, poder mágico ou boa sorte. Sempre Anuket que era chamada para dar as boas-vindas aos recém-nascidos ou filhotes de animais. Ela era chamada de Doadora de Vida, tanto de humanos como dos animais. Suas bênçãos se tornam eficazes nas primeiras formas da Lua Crescente.

Adorada no Reino Novo em Elefantina, onde se encontrava o seu santuário mais importante. Em Filai havia outro templo, onde era identificada com Ísis. Era representada como uma mulher vestindo uma grande coroa com plumas de avestruz, que conduzia um ceptro de papiro. Como é de origem africana, suas vestes são muito ornamentadas. Sua imagem pode ser vista no templo de Ramsés II em Abu Simbel. Em 1963 e 1968, o templo foi transferido para longe do lago Nasser, criado pela barragem de Assuã.

Segundo algumas fontes compulsadas, Anuket, também conhecida por Anka, deu origem à palavra ankh, "A Chave da Vida", antigo símbolo feminino da Grande Deusa e da imortalidade dos Deuses. Mais tarde, a ankh ficou conhecida como "A Chave do Nilo", reproduzindo a união mística de Ísis e Osíris, que provocava a inundação anual do rio.

Anuket é uma Deusa Mãe Protectora que deu vida ao faraó, à terra e ao próprio Egito. "
(...)
ROSANE VOLPATTO
(enviado por Gaia Lil)

quinta-feira, agosto 06, 2009

SAUDADES DA TERRA VERMELHA...



ESFINGE

Nasci antes de Cristo, muitas vidas antes de Buda ou Maomé,
Vivi em Atlântida e Mu, muito antes da Queda.

Conheci os egípcios, vivi nos seus Templos antigos,
fui iniciada nos Grandes Mistérios, antes mesmo das Pirâmides de Gizé.

Viajava no Nilo entre as duas terras, era fiel a Hapi e a Ptah.
Lia nas estrelas a glória de Nout e cantava nas festas a Hathor!

Ah! Era dourada a sua imagem e como os teus
os seus olhos brilhavam doces na alvorada...

Outras vezes íamos ver Shekmit, evocar a deusa Bastit,
a quem me ensinavas a amar nas noites de luar.

E como a gata do templo, tu dançavas e esvoaçavam as tuas vestes,
deixando antever o teu corpo nu de estátua...

E eu extasiada pela tua excelsa visão, não sabia se eras tu
ou a própria deusa encarnada quem para mim dançava!

Nesse tempo era feliz...
Amava a vida e a Terra ainda era sagrada!



Ta Mery

Lembras-te, foi em Tentyris,
quando a deusa com máscara de gata dançou
e lançou um feitiço quando te viu?
Levou-te com ela ... Desde aí fiquei só.

Lembro-me da terra vermelha, da minha sede
e da tua miragem...
Lembro-me da noite vir, do teu doce e terno sorrir,
da sede da tua boca, do teu corpo a escaldar...
Não, não tive medo, antes ri, quando uma pequena serpente
me entrou no coração
e gentilmente o seu veneno me adormeceu.

Agora me lembro, queria ir contigo a Denderah
ver Bastit no seu altar.

Queria lembrar-me quem era,
se tua mãe, tua amante ou tua irmã...

Anda comigo a Ta Mery, ver Hathor, ouvir cantar...

Adoro a mulher dourada
louvo a sua majestade




NOUT

Vi o teu rosto na lua...
Aparecia e sorria entre as nuvens e desaparecia!
Ias e vinhas como uma fada
e com as mãos brincavas com as estrelas,
dançando entre os raios de luz.

Inebriavas-me com promessas que eu decifrava nas esferas.
Rodopiavas no céu e os teus raios estilhaçavam todo o meu ser.

Eu caia em abismos, memórias e perfumes
e quando me erguia já não te via...
A minha alma escurecia e pedia que aparecesses outra vez;
e mais uma vez tu vinhas e dançavas para mim:
o meu sangue liquefazia-se e eu não sei por que magia
voava e dançava contigo no espaço!
Era estrela e cometa e a própria lua. ..
e já não sabia se o que via era o meu rosto
ou o teu por cima de mim.



A TUA IMAGEM

Tenho a tua imagem gravada no mais fundo do meu coração:
olhos internos, fibras e nervos te vêm.

Corre no meu sangue como um rio
e eu deixo-me levar na corrente do teu ser.

Bebo da tua seiva e ergo-me
como a coluna do templo em que és rainha e minha
no mais sagrado altar em que te posso abrigar.

Guardam-me a alma os teus olhos
que me seguem a cada silêncio e a cada gesto.

Queria abraçar-te o ventre e adormecer suavemente a teus pés

Como o pedinte à porta de uma igreja ou o nómada no deserto,
a minha sede de ti é eterna, ó mãe do céu e da terra em que nasci!

IN ANTES DO VERBO ERA O ÚTERO
ROSA LEONOR PEDRO

quarta-feira, abril 08, 2009

A Mulher Sábia



A mulher sábia e Clara subiram até o cume da montanha enquanto a noite morria e as serpentes voltavam às suas covas. A mulher centenária deixara a bengala de lado no começo da subida e continuava a andar num passo regular.

O nascimento da aurora era acompanhado por um vento suave e, pouco a pouco,os templos de milhões de anos saiam das trevas.Logo, o azul do Nilo e o verde das terras cultivadas cintilariam sob os raios do sol ressuscitado. .Quando o pico se iluminou, a mulher sábia elevou as mãos na direção dele,num gesto de oração.

- Deusa do Silencio, você que me guiou ao longo de toda a vida, guie minha discípula que sobe na sua direção. Que ela repouse na Sua mão de noite e de dia; atenda-a quando ela chamar por você, seja generosa e mostre-lhe a extensão de Seu poder.

No pico escavado na pirâmide, havia um pequeno santuário.

- Faça uma oferenda.- ordenou a mulher sábia.

Clara pôs no chão a flor de lótus do cabelo,seu colar e as pulseiras.

- Prepare-se para o combate supremo. A Deusa que conhece os segredos, concede a vida e a morte.

De repente surgiu da gruta uma naja real de olhos de fogo,deixando a jovem assustada com o seu tamanho. A raiva inchava-lhe o pescoço e ela estava pronta para atacar.

- Dance Clara, dance como a Deusa.

Morta de medo, a esposa de Nefer, o silencioso, conseguiu acompanhar os movimentos do réptil assustador. Inclinava-se da esquerda para a direita, depois da direita para esquerda, de frente para trás,no mesmo ritmo que a naja,que parecia desapontada.

- Quando ela atacar, curve-se bem na minha direção, sem deixar de olha-la.

Clara venceu o medo.Fascinada pela beleza da Deusa, começava a perceber Suas intenções.Quando a naja se lançou bruscamente na direção de sua garganta , a sacerdotisa de Hathor seguiu as instruções da mulher sábia.
Clara evitara a mordida, mas sua túnica estava maculada com o veneno cuspido pela naja, ainda mais furiosa por causa do fracasso.

- Dois ataques ainda. – preveniu a iniciadora.

O réptil não parava de ondear e Clara imitava-o. Por duas vezes a cobra tentou, em vão, fincar as presas na moça.

- Agora domine-a! Beije- a na cabeça.

Como se estivesse esgotada a naja mexia-se com menos vigor.E quase imperceptivelmente, recuou quando Clara avançou em sua direção.

Embora invadida por grande ansiedade, Clara ficou o olhar nos olhos do réptil e pôs os lábios no alto da cabeça do animal.

Surpresa a serpente ficou quieta.

-Tememos a Sua severidade- disse-lhe a mulher sábia- mas esperamos a Sua docilidade. Esta que a venera é digna da Sua confiança. Abra-lhe a mente e permita-lhe curar os seres em Seu nome.

A serpente ondeava devagar.

-Recolha o poder da Deusa, Clara. Que Ela penetre o seu coração.

Pela segunda vez a esposa de Nefer beijou o monstro, que parecia dócil.

- Que a comunhão de vocês seja selada por um terceiro e ultimo beijo.

Pela ultima vez, a mulher e a naja tiveram um contato intimo.

- Saia rápido! Ordenou a mulher sábia.

Se não estivesse atenta , Clara tria sido surpreendida pelo brusco ataque do réptil. Mas soube esquivar-se e só recebeu um ultimo jato de veneno.

- O fogo secreto foi-lhe transmitido- sentenciou a mulher sábia.

Lentamente a naja voltou ao santuário.

- Tire a túnica e purifique- se com o orvalho das pedras do cimo.

A mulher sabia deu a Clara uma túnica branca que lhe teria servido de mortalha se não saísse vitoriosa da prova.

-Vou-me embora e você será minha sucessora. Não, não proteste! Meu tempo de vida foi longo, muito longo, e é bom que ele termine. Lembre-se que as plantas nasceram das lagrimas e do sangue dos deuses e, por isso, elas têm o poder de curar.Você está viva mas existem almas errantes e demônios destruidores que jamais deixarão a paz se instalar nessa terra. Graças à sua ciência , você sempre lutará contra eles. Deus criou tudo o que está em cima e o que está embaixo e ele vira até você como um sopro de luz. Não tem de acreditar nele e sim conhecê-lo e testá-lo.

- Por que se recusa a viver por mais tempo?

- Meu centésimo décimo ano está terminado. Mesmo que minha mente esteja intacta , o corpo está gasto. Os canais estão endurecidos , a energia já não circula mais e nem a melhor medicina poderá devolver-me a juventude.(...)

- Tenho tantas perguntas a fazer!

- Chegou a hora de dar as respostas.Todos os dias será interrogada e exigirão que alivie os sofrimentos. Agora você é a mãe da confraria e todos os moradores do povoado são seus filhos.

A jovem teve vontade de protestar e de recusar a enorme carga que recaia sobre seus ombros, mas a forte claridade da manhã a deixou muda.

- Desçamos- ela exigiu. – Vá na frente.

Clara pegou a estreita trilha, sem saber que passo tomaria.Deveria andar no seu ritmo, ou caminhar lentamente para não obrigar a mulher centenária a se apressar?

Indecisa ela se virou depois da primeira passagem sinuosa. A mulher sábia desaparecera.
Clara voltou ao cume, procurou por aquela que lhe dera tudo, mas não a achou.A mulher sábia evaporara, com certeza ocultando-se em alguma caverna onde daria o ultimo suspiro, no silencio da montanha.
Clara ficou em silêncio pensando nas horas maravilhosas que passara ao lado do ser que lhe abrira tantos caminhos , que agora continuaria a percorrer sozinha. Ela desceu lentamente na direção do povoado, saboreando seus últimos momentos de calma antes de se tornar a mulher sabia do Lugar da Verdade.

A Pedra da Luz de Christian Jacq

copiado de: http://dancarinalua.multiply.com/journal